Coluna de Rogel Samuel
Rogel Samuel é Doutor em
Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista,
cronista, webjornalista.
Site pessoal:
http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/
Nº 170 - 1ª quinzena de fevereiro de 2010
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)
Próxima: 25/2/2010
A barra do dia
Não não eu sei sambar, quem me vê assim parado garante que não, que não sei guerrear, que não sei sambar, mas não, diz o poema de Chico, eu sei sim sambar sim, por ora só estou só vendo, só sentindo, sabendo, escutando e a censura diz que eu não posso falar, mas vejo as pernas de louça que poderão quebrar-se, que passam, que não pego, e desejando estou do teu beijo de maracujá, teu beijo molhado, e não ligo pra quem me ofende, e humilhado eu piso, eu espero que vou aturar, e apanho da vida e da polícia e não pensem que não vou revidar, está chegando a hora, a barra do dia nascente está chegando, e sua ocasião, e sua revolução, e eu em breve vou cantar a minha alegria contida, adiada, abafada, sufocada que quem me dera gritar!
Quando o Carnaval Chegar
Chico Buarque
Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
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