Nº 17 - 6/5/2007 |
Momento de Despedida (*)
Neste momento recebi a notícia da morte de alguém especial que durante anos e anos convivi, apreciei e tinha um afeto especial. Uma mulher que chegou aos 92 anos, mas que sabia encantar todas as pessoas que passavam por sua vida.
Gostava de apreciá-la, os olhos tranqüilos de alguém que só fazia o bem, o rosto sereno e a pele bonita apesar da idade avançada: O semblante de alguém cuja bondade se insinuava nos menores gestos doces e harmoniosos.
Todas as vezes que morre alguém, principalmente próximo de nós chegamos à conclusão que não estamos preparados para enfrentá-la e é como se nunca tivéssemos sabido de sua existência. Que deveria ser natural como o nascimento e o decorrer dos passos na estrada que percorremos. Claro, a saudade é natural e também a tristeza do “nunca mais” pelo menos dentro dessa vida terrena, mas não é só isso que sentimos. Vai muito além, como se não pudéssemos entendê-la e o pavor se apodera de nós, mesmo que não queiramos admitir.
Hoje, porém, é uma nostalgia que me domina como se a notícia que acabei de receber fosse modificar a estrutura do universo. Mas sei que não é isso. Tudo continuará no mesmo ritmo inacabado e infelizmente a humanidade prosseguirá sem se preocupar com o sofrimento de seu semelhante.
Nesse momento deveríamos aproveitar para um aperfeiçoamento mais profundo com mais altruísmo e menos egoísmo preparando-nos para crescer interiormente pensarmos na finitude de nossa estrada..
Dona Maria era um exemplo de ser humano. Não porque morreu, mas pela sua vida de amor, carinho, ética nas atitudes, amor aos companheiros de estrada e a certeza do dever cumprido e fazia isso com suavidade extrema.
Era uma pessoa extremamente alegre, que gostava de música acompanhando sempre os sons com um movimento harmonioso do corpo, que vivia com extrema satisfação e sabia rir de verdade como a maioria das pessoas não sabem. Era um riso sincero, verdadeiro, amigo, contagiando quem estava a seu lado.
Gostava muito de sentar-me a seu lado nas reuniões sociais e conversar amenamente recebendo os fluidos de seu coração sempre solidário e apreciando o reflexo de sua alma nos olhos brilhantes que não pareciam ter vivido tanto.
Tinha muitos filhos que amava e se despede perto do dia das mães, deixando em volta uma energia positiva que foi sua maior marca.
Estou triste pela saudade, consciente que essa mulher especial se ausenta de nosso mundo, mas com a certeza que nesse momento seu espaço é de muita luz e felicidade.
Despeço-me temporariamente porque sei que um dia a encontrarei e tenho certeza que caminha nesse instante com facilidade e sem entraves porque preparou essa etapa com uma vida plena e integralmente útil e com aquele sorriso que jamais se apagará de meu coração.
(*) 04-05-2007, 20 horas
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