COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 20 - 21/6/2007
(próxima: 6/7/2007)

          

Ah, A Saudade, que Saudade...

Estou aqui, trabalhando, procurando aprofundar-me nas experiências que me rodeiam, aprendendo cada vez mais e a saudade faz uma ferida de enormes dimensões. Procuro tratá-la, coloco o remédio adequado, alegro-me com as experiências que me levarão sempre a lutar por um mundo melhor, mas a dor é muito funda.

Lágrimas descem indiscriminadamente, e não consigo nem tento detê-las, pois  aliviam nesse momento difícil em que me encontro. Enxugo-as e continuo independente da dor que um dia suavizará ficando a saudade, pois essa é eterna.

Caminho suavemente carregando minhas lembranças, consciente que só eu devo e posso dominar minha angústia, não querendo incomodar nem preocupar  ninguém. Só nós mesmos sabemos o jeitinho de administrar tudo que se passa dentro de nós.

A força vem do interior de nossas almas e o trabalho, a ternura com nosso próximo são as soluções eficazes que me farão um dia estar mais livre e menos presa às aflições.

Revejo o mar cujas águas me batizaram desde muito pequena, as conversas ao redor dele e as silenciosas reflexões quando mirava as ondas que vinham molhar meu corpo,dando a sensação de paz e quietude, regando sentimentos e lembrando-me que elas estariam lá eternamente mesmo quando qualquer dissabor viesse alterar o ritmo de minha vida.

Olho o céu tão azul. O sol que atravessa meus olhos com sua luminosidade intensa e procuro sorrir recordando cenas que me envolveram e chego bem perto de mim própria abraçando-me para sentir um pouco minha mãe.

Lembro-me de cenas tão vívidas que me dão quase a impressão de serem reais nesse momento, como se estivesse vivendo cada segundo numa misteriosa regressão.

E aí vem o consolo, um pouco de alívio, a certeza do amanhã, do reencontro, da esperança que não se desfaz, do seu sorriso  e de suas mãos que me transmitiam segurança, de seus olhar profundo e expressivo que revelavam o que ia dentro de seu coração.

Viajo entre meus sonhos, as nuvens parecendo flocos de algodão, longe de sentimentos que não sejam encantamento e amor, voando com amplidão por entre espaços de liberdade, procurando na natureza que aprecio o momento de placidez e compreensão.

Penso nas pessoas que eu amo no afago dos que me querem bem, na doçura dos amigos verdadeiros, nas palavras que me são ditas e vejo que estou acompanhada da solidariedade plena.

Continuo minha viagem, experimento o riso que transcende qualquer sensação, agradeço a esse mundo que me abrigou e indago o que faço com tanta saudade.De longe as plantas, flores, pássaros coloridos  acenam-me transmitindo que a suavidade um dia amainará esse sentimento tornando-o mais suportável e transformando-o em mais uma experiência que amadurecerá com  ênfase meu coração.

Recordo-me suavemente das lágrimas de minha mãe quando depois de uma temporada no Rio eu voltava para meus afazeres na capital e as mesmas lágrimas quando a distância mesmo por períodos não muito grandes nos separava.

Sei que agora não há distância para ela e que se encontra no espaço de muito fulgor onde pode ver-me com precisão. 

Mas a minha saudade... Ah saudade!

Continuo o caminho convicto que preciso andar mais celeremente, olhar para meus irmãos de caminhada e prosseguir o trabalho que elegi sendo vigorosa em qualquer momento e regando com cuidado a semente para que frutifique.

Vamos... Vamos continuar e só assim meu coração se acalmará.

Colunas anteriores:
01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19

Colunas de convidados especiais