Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em cultura clássica.

Mito em contexto - Coluna 16
(Próxima: 3/2)

O deus-Sol

A deusa Selene percorria o céu em seu carro de prata para iluminar a noite. De manhã era seu irmão, o deus Hélio, que percorria o céu com sua carruagem de fogo, trazendo luz para a Terra. Hélio cumpria essa função bem antes de Apolo ser considerado deus do Sol. Saindo do leste, ao fim do dia Hélio chegava ao oeste e descansava em seu palácio de ouro.

A passagem do Sol pelo céu é um tema que muitas civilizações representaram e cultuaram. Entre os egípcios, Hórus era o deus-Sol, o deus mais importante, adorado como pai do faraó que reinava. Se o faraó reinava na terra, o deus-Sol governava no céu. O faraó Akhenaton criou o culto monoteísta ao Sol, chamado Aton, e o declarou como símbolo do deus único. Os sacerdotes amaldiçoaram Akhenaton e o Egito voltou a ser politeísta após sua morte.

Os povos da Antigüidade conheciam os fenômenos astronômicos, principalmente os que se referiam ao Sol e à Lua, nos deixando os calendários solar e lunar. Umas das peças mais famosas do mundo é a Pedra do Sol asteca, uma espécie de calendário esculpido em um grande bloco de basalto com símbolos que se referem ao Sol.

Os astecas representavam o Sol como divindade máxima, era uma águia que recebia dois nomes diferentes, quando aparecia no firmamento era Cuauhtlehuanitl, e quando se ocultava à tarde era Cuauhtemoc.

Entre os Incas o principal deus era o Sol, chamado de Inti. O nome “Inca” significa Filho do Sol . Inca era o governante adorado como um deus e era considerado encarnação direta do Sol, assim como o faraó egípcio.

Na mitologia grega, Hélio era representado como um jovem coroado de raios solares e simbolizava o sol real, que rege o ciclo das estações e a produtividade do solo. Uma das sete maravilhas do mundo antigo, o Colosso de Rodes, era a estátua de Hélio, uma escultura de bronze erguida na ilha de Rodes, um dos principais locais de seu culto.

Outra representação de Hélio era com o carro puxado por cavalos ferozes. Entre seus descendentes, um dos mais famosos era Faetonte, que um dia tentou conduzir esse carro, proeza que nem o próprio Zeus fizera. Faetonte não soube dominar as rédeas como Hélio e se aproximou tanto da Terra que provocou um incêndio. A luz virou chama. Em vez de fecundar, abrasou a terra. Faetonte Morreu castigado por Zeus pelo desastre que causou.

Hélio era o deus que via toda a Terra do alto do céu, ele tudo sabia e informava aos outros sobre os acontecimentos. Assim, avisou a Hefestos que Afrodite o estava traindo e avisou a Deméter sobre o rapto da filha Perséfone.

Como o sol que se movimenta no céu, a natureza também se movimenta em seu processo de transformação. Os dias passam e se acumulam os meses, anos e séculos nos forçando a cumprir, mesmo sem querer, seus ritos de mudança em cada estação que chega. Durante todo o ano, o sol irradia luz e calor. Estamos na época em que o sol atinge seu ponto alto, mais um verão se aproxima.

O verão traz dias quentes, mas traz tempestades e “chuvas de verão”. Depois da tempestade, sabemos que vem a calmaria, e o arco-íris pode ser visto pelos olhos atentos. Se não encontrar o arco-íris, mesmo assim não deixe de espalhar luz e energia por aí, como Hélio derramava de sua taça gigante.

Anjo caído

Descortina o dia
em convite para a fuga
na sombra avessa
de Apolo
Sol luminoso
que irradia loucura

Faetonte
desliza
no horizonte
para dormir
com Ícaro

Van Gogh
enlouquece
no silêncio
dos girassóis amarelos
de sol

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