Jaqueline Serávia - Mulher por destino e prazer, mãe por opção, escritora por filosofia, fotógrafa por formação, poeta por essência. Carioca, nasceu Saraiva em 16 de fevereiro de 1966, assinando Serávia a partir de 2006. Por um amor correspondido, mudou-se para São Paulo em abril de 2012 e desde então faz dessa cidade sua utopia de tecer a vida.
jseravia@gmail.com
Minha ilha tem paredes intangíveis
Da janela – meus olhos –
contemplo a paisagem em neblina
correria, poluição, buzinas, pernas apressadas em bicicletas
Os olhares sobre mim, avançam e param
no sincronismo do semáforo
ora verde, ora vermelho ou amarelo
Inquietos, não param. E se entregam
à pressa do dia a dia
Sou sombra na memória, um vulto de alguém que passou
quando sou
fantasma vivo
Piedade, curiosidade ou reprovação
oscilam de olhar para olhar
dos que seguem adiante com suas vidas
É a tal correria para ganhar o pão
Fio assim minutos, momentos, calor e frio
com ou sem companhia, sustento
cada palavra do que digo, ou penso,
alinhava minha trajetória cicatriz de gozo ou tormento.
