POESIA PARA MUDAR O MUNDO - 2014 - BLOCOS ONLINE
Maria Elizabeth Candio

Maria Elizabeth Candio - Nasce em 1959, em São Paulo. Escreve seu primeiro poema aos dez anos de idade, pensando redigir apenas mais uma de suas redações escolares. Sua então professora a chama de poetisa, quando a menina ainda nem sabe direito o que vem a ser poesia... Começa a participar de concursos literários no final dos anos setenta. Obtém diversas premiações, das quais se destacam o segundo e o primeiro lugares no Concurso Escriba de poesia, de Piracicaba, nos anos de 1994 e 2004, respectivamente. Em 1982, a autora vê publicados seus primeiros poemas na coletânea "Fruto Mulher", pela Editora Semente, em parceria com outras sete poetas iniciantes. No ano seguinte, participa da antologia "Nova Literatura Brasileira" pela Shogun Editora e Arte. Lança, finalmente, seu primeiro livro individual de poemas, no ano de 1986: "Canção Necessária". Com o objetivo de aprimorar sua produção poética, participa de duas oficinas literárias: a primeira em 1987, sob a orientação de João Silvério Trevisan. A segunda com Dalila Teles Veras, em 1991. Continua a participar de concursos literários. Entretanto, dedica-se notadamente ao ofício de professora secundária e universitária e à leitura de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto e Graciliano Ramos, entre muitos outros. Após finalizar seu mestrado em Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo, USP, em 2007, deixa de participar de concursos literários e passa a dedicar-se exclusivamente ao magistério superior e à preparação de seu segundo livro de poemas, "Ávida Vida", ainda a ser publicado.
bethcandio@hotmail.com

Deciframento de um enigma em três atos

I
Não me esfinge de enigmas
teu surgimento abrupto de pomba
enluarando mantras minhas noites
Tu antes me decifras onde crostas
Tu antes me devoras onde cravas


II

Não me abisma de quedas
teu desnudar incólume de fera
engravidando sendas meus quereres
Tu antes me resgatas onde nuncas
Tu antes me resguardas onde nadas


III

Não me alpendra de chaves
teu despudor notívago de macho
desencrustando orgias minhas carnes
Tu antes me despertas onde grudas
Tu antes me libertas onde grades.

Paixão

Coser navios no peito
e ousar miragens
No desdobrar de esquinas
ser o avesso
Roçar com seda o nervo
por descuido
Ao devassar cometas
ver abismos
Plasmar o sangue e o sonho
com lonjuras
e por delírio
transpirar vulcões

Maria Elizabeth Candio
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