Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em cultura clássica.

Mito em contexto - Coluna 18
(Próxima: 26/2)

Sob o céu de Urano

Quem nunca olhou “pálido de espanto” para o céu estrelado, como nos versos de Olavo Bilac?

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/ Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,/ Que, para ouvi-las, muita vez desperto/ E abro as janelas, pálido de espanto.../ / E conversamos toda a noite, enquanto/ A Via Láctea como um pálio aberto,/ Cintila.(...)

O homem sempre quis saber por qual motivo vive na Terra. E procurou entender o que os astros fazem acima de nós. Antes de saber escrever, já lia o céu e constatava os fenômenos naturais. Percebeu os movimentos das estrelas, as fases da lua, eclipses, trovões e outros elementos que fizeram com que ele colocasse no céu deuses e fenômenos sobrenaturais.

Nas lições da mitologia grega, o Céu é Urano, o deus primordial que representava o espaço. A Terra, ou Gaia, surgiu do Caos e criou Urano para preencher o espaço vazio sobre ela. Bem mais tarde, quando deixou os mitos de lado, o homem apontou a luneta para o céu e o viu com os olhos da ciência.

Astronomia e astrologia andaram juntas quando os astrônomos observavam os astros, falavam sobre suas relações e indicavam os presságios. Atualmente os astrólogos ainda tentam  dar conta das leis que regem os homens na terra  e os astros no céu quando estudam os doze signos zodiacais. Os signos representam a natureza do homem e seus elementos psicológicos.

Os significados que cada planeta têm em relação ao signo são simbólicos. Por isso, Plutão, que já não é mais considerado um planeta, certamente não terá suas características "rebaixadas" na astrologia. Cada significado foi concebido em uma época específica, tanto que sol e lua, que não são considerados planetas agora, já foram em outra época.  No mapa natal, além do sol e da lua, ainda temos planetas como Vênus e Marte.

Os nomes dos planetas pertencem aos mitos. Assim, os astrólogos fazem relações entre os conceitos mitológicos e astronômicos e dizem que os planetas influenciam nossas vidas quando regem os signos. A influência dos astros sobre nós sempre foi assunto de especulação. Afinal, se tudo está escrito nos astros, não haveria como explicar o livre-arbítrio.

O agrupamento de estrelas no céu é arbitrário. Cada civilização nomeou os astros no céu como quis. Os gregos perpetuaram muitas lendas colocando seus heróis nas constelações, como mostram as histórias de Órion e Quíron. Enquanto a astrologia ocidental utiliza mitos greco-romanos, a astrologia chinesa tem sua própria mitologia, mostrando que cada povo tem seus mitos e atribui significados específicos para eles.

Os modelos de céu variam de acordo com a cultura. O céu pode ser uma tenda aberta ou a carapaça de uma tartaruga, mas, na maioria dos mitos, o céu foi criado junto com a terra no início do mundo. Para uns, também é o céu o destino final do homem após o Juízo Final.

Para outros, o céu e os astros ainda servem de bússola para guiar o destino na terra. Sendo assim, estamos no mês do signo de aquário e sob a regência de Urano. No mapa astral, Urano simboliza a originalidade que nos impulsiona ao futuro e promove as mudanças necessárias. E estamos no início do ano, boa época para pensamos nos projetos que regerão nossos próximos passos....

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