"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO

Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG

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Coluna nº 24, de 15/8
(próxima: 15/9)

Parabéns aos dois anos da coluna!!!

1. Segundo Geraldo Carneiro, o que há de mais profundo é a própria vida. Por isso ele acha que a poesia "é uma maneira de expressar determinados instantes em que a vida é insatisfatória".

2. "Quarto escuro/ escuro espaço/ olhos escuros/ escuras lembranças/ de um dia sem sol" (Sônia Borges. Poema: "ESCURIDÃO").
  
3. "Eu canto porque o instante existe / E a minha vida está completa"... disse Cecília Meireles. As flores da avenida ainda estão murchas. Saiba que a primavera virá viçosa. Aaia lá fora e sinta o vento da primavera que virá em sua face. O Ribas, na casa do Moacyr Valim, falou sobre Os Maias, de Eça de Queiroz. O José Casco dos Bravais me disse que quer conhecer o Moacir.

4. "Meu pai era poeta. "Poeta matuto", poeta testamenteiro (O TESTEMUNHO DE JUDAS) em que ridicularizava o "homem de bem" da antiga aldeia de Altos dos Angicos onde nasci, e seus próprios familiares. Sobre seu irmão João Pinto de Maria, que é personagem único e título do terceiro volume da "Trilogia da Maldição", assim se expressou: "Para meu irmão João Pnto,/ que não me sai da lembrança / deixo um pinico de barro / que foi da finada França / que há de lhe servir muito / quando arruinar sua pança" - disse José Alcides Pinto, de lá de Fortaleza, aos 81 anos através da Revista do Escritor Brasileiro LITERATURA nº 24, ao escritor Nilto Maciel.

5. Maria Thereza Cavalheiro, em 1991, como faz tempo, há 15 anos atrás, enviou cartão de agradecimentos pela sua presença, dizendo ser constante, nesses caminhos, segundo ela, "por onde palmilham tantos escritores, como os talentosos Marçal Aquino e Corinne Marian, seus correspondentes. Sua página é um refrigério nas caminhadas da vida". No envelope em que enviou o cartão, pôes esta quadra de Colombina: "Penso em ti se estás ausente, / penso em ti se perto estás: / longe — quero-te presente, / perto — que embora não vás!"

6. Ricardo Alfaja (RJ), no Nozarte, contou que a contista Gisela Gold, numa carta imaginária, dirigida a um filho igualmente imaginário, uma semana antes do Natal, disse: "Tadinho de você, meu bebê, entrando num mundo que trocou o 'olá, como tem passado?', pelo "dá licença, tô com pressa!". Disse Alfaya que na mensagem ela constatava ainda: "Respirar não é preciso, é divino".

7. "(...) Quem mandou esta arma apontada ao peito / sem força para apertar o play ou o gatilho? / Quem falou que minha vida seria esta via / interrompida de desejos impossíveis? (Ilma Fontes).

8. O José Casco dos Bravais, personagem fortíssimo de "A ilustre casa de Ramires", apareceu no ano passado, por aqui, hospedando-se com o Fábio. Pela praça Getúlio Vargas acima, até o cruzamento do Irmão Estras, não atravessando para o VTC. José Casco, com voragem de céus nos olhos, rodava a praça. Os veículos passando. Da minha janela, nos quatro dias em que ele esteve por aqui, eu o via, a tardinha, passando pela praça. Naturalmente, ele conheceu Eça de Queiroz, muito bem. Então eu pensei em perguntar-lhe sobre "A Relíquia".

9. Disse o jornalista André Luis Mansur que, no momento em que Oswald de Andrade lançou "Serafim Ponte Grande", livro através do qual definiu o Brasil como "uma República Federativa cheia de árvores e de gente dizendo adeus", ele deu ao seu texto o "direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em tdodas as línguas". Esta obra de Oswald foi escrita em 1929, há 77 anos, portanto. André comentou o livro em "o Pinto Calçudo ou Os últimos dias de Serafim Ponte Grande", lançado em 2002 pela Editora Global.

10. Canto Exorcista: "O meu pavor cresceu mas eu já não sei senti-lo..." (Fernando Pessoa) Há um corvo pousado / em minha alma / bicando o que restou / da esperança / resto apodrecido de / não mais ser. / E este canto nada / mais é / do que dolorosa nênia / para espantar o horror. (Dalila Teles Veras). *** Rotina I - Todo dia / tem condenamento / na baixada fluminense. (Flávio Machado).

11. Uma viola que chora. A agonia da tarde. O vento levou o chapéu do marceneiro. Ele sentiu as lágrimas da noite. Jorge Luis Borges recordando. Manuel Bandeira em Recife. Edson Ribeiro lê Ronald Barthes. Fernando Prince ri e chora com o Flamengo. Dois manruvás namoram num pé de roseira.

              
12. No mais, me disse Outran Borges, baiano de Baixa Grande: "dos amores desmentidos/ pelo tempo, / a seu tempo, todos / valeram a pena".

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