Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em cultura clássica.

Mito em contexto - Coluna 25
(Próxima: 5/6)

Os Ventos

Os astros estão nas alturas do céu, mas abaixo deles há a região de nuvens, onde ficam as tempestades e os ventos. Na mitologia, os ventos eram filhos do Céu e da Terra. Os poetas antigos representavam os ventos como divindades gigantes, inquietas e turbulentas – e para se reconciliar com eles era preciso lhes dirigir preces e sacrifícios.

Homero escreveu que a morada dos ventos era nas ilhas Eolianas – entre a Sicília e a Itália – e seu rei era Éolo, que mantinha os ventos retidos nas cavernas. Se não fosse assim, os temidos prisioneiros varreriam tudo com sua força: os mares, as terras e a abóbada celeste.

Éolo reinava com seus súditos, mas estava subordinado a Zeus. Só podia prender ou soltar um vento sob a ordem do pai dos deuses. Na Odisséia há um episódio que narra como Éolo, por conta própria, entregou a Ulisses alguns ventos para auxiliá-lo quando precisasse na longa na viagem de volta a Ítaca. Os companheiros de viagem de Ulisses abriram imprudentemente o presente e houve uma grande tempestade que destruiu o navio.

Os romanos reconheciam quatro ventos principais, que tinham uma história particular: Euro, Bóreas, Zéfiro e Noto. Euro vinha do oriente nos cavalos da mãe Aurora. Já foi ilustrado como causador de muitas tormentas. Sua representação atual é de um jovem calmo que semeia flores por onde passa.

O vento do Norte, Bóreas, aparecia muitas vezes como o rei dos ares. Bóreas tinha um templo em Atenas e todos os anos havia festa em sua homenagem. Muitas vezes Bóreas era confundido com Aquilão, vento bastante frio.

O vento quente que sopra do Sul era Noto ou Auster, representado muitas vezes como um velho de cabelos brancos e água gotejando de suas roupas. Outras vezes era representado nu, segurando as nuvens para anunciar a chuva.

O vento do Ocidente era Zéfiro, muito celebrado pelo ótimo clima e frescor que trazia. Era o seu sopro doce que trazia vida à Natureza. Os gregos diziam que era esposo de Clóris, e os latinos de Flora. Trazia nas mãos as belas flores da Primavera.

Em Atenas ainda encontramos um templo romano octogonal com as representações de oito ventos nos vértices. A “Torre dos Ventos” é chamada de Aerides, e foi construída no século I a.C. No cume do templo original havia um tritão móvel com o tridente indicando o vento que soprava.


O
vento

Com invisíveis asas,
o vento desalinha e acaricia.

O vento empurra as nuvens,
derruba as pétalas,
suspende as pipas
e movimenta os moinhos.
Brisa ou furacão, dança no ar
e inclina as árvores.

O sopro do vento grávido
leva as sementes
que flutuam
em busca de recomeço.

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