COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

1ª quinzena de dezembro - Coluna 56
(Próxima coluna: 18/12)

Decifra-o, ou se devore!

A esfinge esfarelada pelo vento de oposição. O enigma ainda mora em seu âmago. Suas paredes esmorecem aos poucos, embora as que restem de pé ainda sejam compactas, densas, opacas. Não lhe adivinho o enigma interior. Escondem-se na areia cada um dos sacrifícios em prol das lutas do passado. A guerra acabou. As modernas batalhas são eletrônicas, são cartas marcadas, são enlameadas. Tento limpar suas vestes externas, banhando-as em sal e água, lágrima e suor. O Egito embalsamou seus ídolos, feitos idolátricos de uma civilização muito antiga. Minha geração assopra os ídolos de barro até que se transformem em poeira. Seus feitos? Agora meros defeitos de fabricação. Destroem velhos ídolos na vã tentativa de criar alguns novos: pré-fabricados em série ilimitada, sem a mínima exclusividade ou garantia contra defeitos de fabricação. Novos líderes, frutos da modernidade virtual, irreal, bandidos da banda ( lheira ) larga. Em sua memória não será erguida nenhuma pirâmide, nenhum obelisco: apenas um vt de programa descartável, guardando nas imagens míseros minutos de fama efêmera, vã, mentirosa, descartável como os copos plásticos da sala de espera do escritório de algum político medíocre. Todos somos descartáveis. Pouco importa se a esfinge serviu de abrigo pra batalha, se preservou valores , se serve, agora, de escudo ou proteção abrigando em sua história a preservação do faraó sertanejo moderno.

Pouco importa tudo ou nada disso, pois, afinal, este é um país de curta memória, torturados líderes abrigados nos porões de outrora, conturbada história, perdidos e abandonados nas esquinas sujas, alimentando-se nos lixões da periferia, políticos de caráter duvidoso. Pouco importa o passado, pois o que interessa – nessa época de globalização – é apenas o aqui e agora.

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