Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambas de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
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Coluna 76 - 2ª quinzena de dezembro
(atualizações: todo dia 8 e 24 de cada mês)
ORKULTURAL ESPECIAL DE NATAL
O ano passou tão rápido... não é assim mesmo que sentimos? A vida corre e o tempo voa. Em decorrência dessa tal velocidade já não percebemos detalhes, olhares, sentidos. Assim acontece também com a celebração de 25 de Dezembro. E é com esta temática que trazemos à Orkultural Especial de Natal uma crônica do querido amigo poeta Afonso Estebanez .
Aproveitamos para desejar à equipe de Blocos, especialmente à Leila Míccolis e ao Urhacy Faustino, e a todos os leitores da nossa coluna um Natal com muito amor e confraternização, bem como um 2009 de real felicidade.
AMOR: SIGNIFICADO MAIOR DO NATAL
Por Afonso Estebanez
Nenhum princípio ou relato histórico sobre o Natal supera o do princípio da religiosidade que toda a humanidade absorveu sobre sua milenar celebração em 25 de dezembro, principalmente quanto aos conhecidos fundamentos históricos. Apesar de algumas teorias conflitantes, a proposta de todas as religiões é a de aproximação do objeto da cristandade – o Homem – a Deus.
E nesta época de Natal, quando o espírito de amor, de solidariedade, de paz e de esperança se renova devido às comemorações do nascimento de Jesus, qualquer indagação que se faça, a resposta baseada no espírito de religiosidade humana é a que mais está presente.
Para todos nós o Natal é e sempre será um dos principais momentos da humanidade, quando Jesus lhe trouxe a revelação de que Deus é, acima de tudo, nosso Pai. Natal, assim, não seria somente troca de presentes ou de congratulações em reuniões familiares. É a lembrança de Cristo vindo ao encontro da humanidade que perdera sua identidade espiritual. Sob esse aspecto, o Natal significa o surgimento da maior proposta para a felicidade do ser humano, A PROPOSTA DO AMOR. É a retomada da imortalidade da alma.
“Percebo que há muita gente nas ruas, correndo como você (que me está lendo). Para onde vão todos? Os shoppings estão lotados... Crianças são arrastadas por pais apressados, em meio ao torvelinho... Há uma correria generalizada... Alimentos e bebidas são armazenados... E os presentes, então? São tantos a providenciar... Entendo que você tenha pouco tempo. Mas qual é o motivo dessa correria? Percebo, também, luzes enfeitando vitrines, ruas, casas, árvores... Mas confesso que vejo pouco brilho nos olhares... Poucos sorrisos afáveis, pouca paciência para uma conversa fraternal... É bonito ver luzes, cores, fartura... Mas seria tão belo ver sorrisos francos... Apertos de mãos demorados... Abraços de ternura... Mais gratidão... Mais carinho... Mais compaixão... Talvez você nunca tenha notado que há pessoas que oferecem presentes por mero interesse... Que há abraços frios e calculistas... Que familiares se odeiam, sem a mínima disposição para a reconciliação.
Mas já que você me emprestou uns minutos do seu precioso tempo, gostaria de lhe perguntar novamente: para que tanta correria? Em meio à agitação, sentado no meio-fio, um mendigo, ébrio, grita bem alto: "viva Jesus, feliz Natal"! E os sóbrios comentam: "é louco!". E a cidade se prepara... Será Natal. Mas, para você que ainda tem tempo de meditar sobre o verdadeiro significado do Natal, ouso dizer: O Natal não é apenas uma data festiva, é um MODO DE VIVER. O Natal é a expressão da caridade... E quem vive sem caridade desconhece o encanto do mar que incessantemente acaricia a praia, num vai-e-vem constante...
Natal é fraternidade... E a vida sem fraternidade é como um rio sem leito, uma noite sem luar, uma criança sem sorriso, uma estrela sem luz. Mas o Natal também é união... E a vida sem união é como um barco rachado, um pássaro de asas quebradas, um navegante perdido no oceano sem fim. E, finalmente, o Natal é pura expressão do amor...
E a vida sem amor é desabilitada para a paz, porque em sua intimidade não sopra a brisa suave do amanhecer, nem se percebe o cenário multicolorido do crepúsculo. Viver sem a paz é como navegar sem bússola em noite escura... É desconhecer os caminhos que enaltecem a alma e dão sentido à vida. Enfim, a vida sem amor... Bem, a vida sem amor é mera ilusão.
Que este Natal seja, para você, mais que festas e troca de presentes... Que possa ser um marco definitivo no seu modo de viver, conforme o modelo trazido pelo notável Mestre, cuja passagem pela Terra deu origem ao Natal...”
Esta Mensagem de autoria da “Equipe de Redação do Momento Espírita” me veio aos olhos por verdadeiras razões que não saberia explicar, senão que por intermédio da ação da alma de minha erudita amiga Chris Herrmann, a quem deixo carinhoso agradecimento pela oportunidade, que agora complemento com estes poemas de reflexão:
REFLEXÃO SOBRE O NATAL
Algo entre nós não quer ser a caça do medo
nem a eterna esperança que o medo desfaz.
Algo entre nós que não é feito de brinquedo
mas da quebra dos pactos de vida sem paz.
Algo entre nós como a ressurreição da rosa
num renascer gentil de auroras encantadas
como algo que retorna à infância venturosa
para tecer os novos sonhos de mãos dadas.
Algo entre nós que nos divide e multiplica,
que nos semeia e colhe com o dom da flor.
Algo em silêncio que não fala, mas explica
a razão da regra sem a exceção do amor!
SONETO NATALINO
Se se tem que ser hoje aquilo tudo
que em vida não se foi, podendo ser,
seja esse sonho mudo ainda mais mudo
enquanto for eterno até morrer.
Se se tem que pedir, que sobretudo
seja a doce ilusão de merecer
ao menos a esperança como escudo
de quem sonha algum dia receber.
Peça-se amor que mais amor reclame,
prazer de desejar só dor menor
em sofrer o prazer que se viveu.
Senão com grande amor, não se desame
ou se ame com amor ainda maior
essa dor que tão grande se doeu!
Afonso Estebanez
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