Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em cultura clássica.

Mito em contexto - Coluna 27
(Próxima: 05/7)

Os amores de Zeus

Zeus pertence à terceira geração divina: destronou o pai Crono, que já havia destronado o pai Urano. Após anos de luta contra os Titãs, Zeus venceu e conquistou o Olimpo. Castigou os inimigos, concedeu o poder do mar para o irmão Poseidon, o mundo subterrâneo para o irmão Hades, e tomou para si o céu e o poder do mundo mítico.

O domínio de Zeus também foi consolidado com uniões amorosas que produziram deuses e heróis, confirmando um de seus atributos de deus da fertilidade. Muitas regiões da Grécia diziam ter um herói nascido dos amores de Zeus. Famílias reais ou míticas apontavam um ancestral como filho de Zeus, afinal, a origem divina também era um atributo da realeza.

Vários estudos sobre seus amores explicam a simbologia que eles contêm, além do ritual religioso politeísta em que um deus celeste fecunda a terra, daí suas uniões com divindades de estrutura ctônia como Europa, Deméter, Sêmele e outras. As uniões com deusas pré-helênicas explicam o sincretismo que faz da religião grega uma mistura de crenças, e faz de Zeus o seu representante máximo.

Os mitólogos sempre buscam catalogar a quantidade de mulheres que estiveram com o deus. O ciúme de Hera não impedia as paqueras do deus, nem as perseguições que ela fazia às suas amantes e filhos ilegítimos. Por isso, não só a quantidade de mulheres é célebre, mas também as metamorfoses, os disfarces que o deus usava para se esconder das suas aventuras ou se aproximar de mortais e deusas.

Zeus se mostrou a Dânae como chuva de ouro e teve com ela o herói Perseu. Leda, rainha de Esparta, recebeu o rei como um cisne. Leda produziu dois ovos, donde nasceram os gêmeos Castor e Pólux e as gêmeas Clitemnestra e Helena. Com Alcmena Zeus assumiu a aparência do marido ausente, Anfitrião, e teve o herói Hércules. Sob a forma de Ártemis, amou Calisto, ninfa que acompanhava a deusa.

Zeus raptou Europa na forma de touro e a levou para Creta, onde nasceram Minos, Radamante e Sarpédon. Até com Hera, a legítima esposa, Zeus se aproximou disfarçado. Assumindo a forma de cuco, abrigou-se no colo da deusa durante uma tempestade. Hera cobriu o deus-pássaro com sua roupa. Os dois tiveram os filhos Ares, Hebe e Ilítia.

Entre os inúmeros disfarces e relacionamentos, ainda teve com Métis a filha Atena. Com Têmis, teve as Horas e as Moiras; com Demeter, Perséfone; com Mnemósine, as Musas; com Leto, Apolo e Ártemis; com Maia, Hermes; com Sêmele, Dioniso.

Algumas lendas contam que Zeus perdeu a cabeça não somente pelas mulheres. Ganimedes era considerado o mais belo dos mortais e Zeus se apaixonou por ele. Quando o jovem pastoreava rebanhos no Monte Ida, foi raptado e levado para o Olimpo pelo deus ou por sua águia. Ganimedes foi copeiro dos deuses no Olimpo.

Há uma lenda que associa Zeus à deusa Afrodite. O deus teria se apaixonado assim que ela nasceu e a possuiu em uma noite de amor. A esposa Hera, temendo que nascesse um filho poderoso como o pai e belo como a mãe, socou o ventre da deusa. Priapo nasceu com um membro descomunal. Afrodite, com medo de ser ridicularizada, abandonou o filho, que foi criado por pastores.

No hino à deusa do amor e do desejo, uma alusão ao seu poder sobre o deus. Quem sabe a causa de suas paixões fosse mesmo influência direta da deusa do amor: “Ela transforma até mesmo o juízo de Zeus, o deus dos raios, o mais poderosos de todos os Imortais; e embora seja tão sábio, a deusa faz dele o que quer...

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