Christina M. Herrmann  

Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambas de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Endereço do Blog, reunindo todos os seus sites e comunidades: http://chrisherrmann.blogspot.com

 Coluna 82 - 2ª quinzena de abril
(atualizações: todo dia 8 e 24 de cada mês)

CRÔNICAS POÉTICO-FILOSÓFICAS

Nesta série trazemos as melhores crônicas poético-filosóficas extraídas das comunidades " Orkultural " , "Café Filosófico das Quatro" e "Sociedade dos Pássaros-Poetas ".

Os quatro bêbados
Saulo de Tasso Russo Barreto

É que nossos pais não nos educam para os vícios. E assim ficamos nos envenenando com a língua queimada de prazer. Quatro bêbados que cruzam as ruas. Que transborda revolta e suspira um devir. Nas escadas, tropeços. Nas ladeiras, pecado. Quatro bêbados e quatro peitos esfaqueados de esperança. Suas histórias não serão impressas. Ao menos que seus canivetes marquem árvores, calçadas e postes. Assim, infinita-se um escarro de vida. São esses quatro bêbados que cantam para os jardins orvalhados de cotidiano. Que se misturam às escórias e que escutam as palavras lançadas gratuitamente de bocas insones. Por que a madrugada é ambígua. Para uns, chegou a hora de serenar este corpo que empresta ao espírito a possibilidade dele gozar seus erros íntimos. Mas como tudo que se empresta, o corpo cobra com reajustes toda célula degradada e todo tecido rasgado. Para os quatro bêbados, e tantos outros quatro bêbados que as ruelas testemunham existir, a madrugada se resume aos vômitos desesperados. As tonturas que multiplicam o mundo em inúmeras maneiras de ser. As lembranças de um presente recente e os gritos de paixões mal resolvidas. É que as paixões são feitas de sal. Elas destroem nossos sistemas e explodem um único órgão apelidado de coração. Esse, que palpita o poeta, acelera em notas compassadas, como música. E também é compassado o andar dos quatro bêbados. Vestidos como mendigos. Ou são os mendigos os bêbados embriagados de negações? Anda-se por andar. É que as avenidas foram feitas para carros e somos obrigados a nos esbarrar por entre calçadas estreitas e esburacadas. Vez por outra nos olhamos e raramente nos reconhecemos. Não! Eles não querem a piedade. Não querem preces, nem ajuda. Os quatro bêbados só peregrinam atrás de alguns trocados. É que fomos vendidos ao dinheiro. No primeiro bar, os quatro bêbados vão compartilhar o trago amargo da cachaça. E nas casas, sob o céu de uma lua indiferente às lágrimas – porque ela é a musa dos versos, das pinturas e dos cantos – os demais dormem na hora marcada e experimentam o porre da lucidez.



LEIA A “SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL” de BLOCOS ONLINE

Volumes [1] - [2] - [3] - [4] - [5] - [6] - [7] - [8]


* * *

DICAS E EVENTOS ORKULTURAIS

Acesse o fórum de debates e eventos da nossa comunidade:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=4952440

* * *

CLIQUE AQUI PARA INTEIRAR-SE DAS COMUNIDADES PARCEIRAS DA COLUNA ORKULTURAL
(é preciso participar do orkut para poder acessar o link)

Arquivo de colunas anteriores:
01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10 , 11, 12, 1314, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81        

Voltar