COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

2ª quinzena de julho - Coluna 71
(Próxima coluna: 3/8)

33 (*)

— Diga 33.

— ...

— Diga 33, por favor.

— ...

— Por gentileza, Paulo, diga 33!

— Estou pensando num número diferente.

— O que é isso agora? Basta dizer 33 e eu faço o exame. Preciso escutar seus pulmões!

— Porra, caralho, mas até os médicos querem impor essa cultura de gado me dizendo o que tenho que dizer, de que forma e quando?

— Paulo, isso aqui não é um palanque político nem uma sabatina universitária. Muito menos a delegacia. Você poderia, por gentileza, dizer simplesmente “33” pra que eu possa examiná-lo e terminar logo com isso?

— Não. Não digo esse número porra nenhuma. Sabe por que? Não sou idiota, não sou babaca como você, que defende e pratica essa medicina de merda, trivial, estereotipada, acomodada nos números do seu saldo bancário rechonchudo com os inúmeros números que você ordena aos seus pacientes acéfalos.

— Paulo, desse jeito você vai enfartar! Acalme-se, por favor! Você está se descontrolando!

— Estou mesmo, né? Estou saindo do controle dos ditadores, estou me rebelando e saindo da massa, estou pensando, estou exercendo meu “livre arbítrio”. Quer saber? Fodam-se as convenções! Principalmente essas como a desse número aí, uma ordem que se dá a uma criança pra que ela fique sob seu controle e você faça seu mísero trabalho cobrado a preço de ouro em pó! Pratique seu ofício de forma individual, personalizada; lembre-se do nome de cada paciente, aprenda com eles as diferenças do ser humano, e, quer saber? Vá à merda!

— Tá bom, Paulo, tá bom! Já entendi: você está passando por uma fase ruim. Vamos continuar falando de coisas amenas. Já que você gostaria que todos fossem tratados de forma individual e personalizada, vamos procurar nos conhecer melhor. Qual a sua idade, Paulo?

— 33...


(*) Pra um cara chamado Paulo Castro, uma das pessoas mais inteligentes e inovadoras que conheço.

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