Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em cultura clássica.

Mito em contexto - Coluna 33
(Próxima: 5/10)


As Amazonas

Donas de armas, cavalos e com uma estrutura social própria, as mulheres guerreiras chamadas de Amazonas foram imortalizadas na maioria das lendas como assassinas de homens. Como viviam em ilhas ou perto do mar, essas mulheres recebiam visitas de aventureiros, e dizem que elas engravidavam deles e ficavam somente com as filhas, escravizando ou matando os filhos.

Segundo uma lenda, as Amazonas eram filhas de Ares, deus da guerra. O deus teria dado um cinturão para a rainha Hipólita como símbolo do poder que a Amazona exercia sobre seu povo. O cinturão tem uma simbologia com “ligar”. Além de transmitir força, poder e proteção – tem valor iniciático.

A mais célebre luta das Amazonas aconteceu com o herói Hércules, que foi com alguns voluntários ao país das guerreiras a pedido da filha de Euristeu, Admeta, para buscar o Cinturão de Hipólita. Hércules raptou Hipólita e provocou a guerra das Amazonas contra Atenas.

Hipólita resolveu entregar o cinturão a Hércules, mas Hera se disfarçou em amazona e provocou uma briga entre as habitantes do local e os companheiros de Hércules. O herói, achando que foi traído por ela, a matou.

Combates famosos como a Guerra de Tróia tiveram presença das Amazonas. Na Ilíada, o herói Aquiles travou combate com Pentesiléia. Os Argonautas também se defrontaram com essas mulheres enquanto procuravam o Velo de Ouro. Dizem que foram bem recebidos e até esqueceram sua missão durante um bom tempo. O herói Belerofonte, montado no cavalo voador, Pégaso, fez um massacre no país das guerreiras.

Outro combate famoso foi com Teseu. O herói viajou sozinho para o país das Amazonas e convidou Antíope para visitar seu navio, partindo em seguida. As Amazonas foram para a Ática vingar o rapto da irmã, mas foram vencidas por Teseu. Outra variante diz que a invasão não se deu pelo rapto, mas por Teseu ter abandonado Antíope para casar com Fedra. Tendo chegado no dia do casamento, Antíope foi morta, e as Amazonas se retiraram. Com Antíope Teseu teve o filho Hipólito.

Normalmente o país das Amazonas país era a Trácia, lugar de clima rude, rico em cavalos e percorrido por populações violentas e guerreiras. Segundo alguns, teriam fundado a cidade de Mitilene, na Ilha de Lesbos, terra da poeta Safo. Outros dizem que sua morada ficava em Éfeso, onde fundaram um templo dedicado à Ártemis. Ártemis era uma divindade virgem que percorria campos e florestas, e considerada protetora das Amazonas – também guerreiras e independentes da submissão ao homem.

Acreditavam também que as Amazonas mutilavam o seio direito para que manejassem melhor o arco e outras armas. Sacrificavam sua feminilidade para combater como um homem na luta pela independência e para fortalecer a deusa Ártemis de Éfeso. A arte normalmente representa Ártemis coberta com um manto cheio de seios, símbolos dos seios sacrificados a ela pelas Amazonas.

Encontramos ainda mulheres que tentam derrubar preconceitos todos os dias, mulheres que não se rendem à submissão e à violência masculina; que não aceitam o tradicional papel doméstico imposto à figura feminina. Elas não guerreiam com armas e, se mutilam os seios, é por causa do câncer. Há também as que se mutilam por motivos estéticos, aumentando os seios com silicone, mas ainda assim, é escolha de cada uma.

O importante é que atualmente as mulheres são encorajadas na superação de limites. Ainda há guerreiras na luta por uma sociedade onde homens e mulheres tenham papéis importantes na manutenção do planeta como casa de todos.


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