"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO

Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG

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Coluna nº 48, de 15/9/2008
(próxima: 15/10)

1. Quando ela abriu a janela, viu belas montanhas. Não viu praia, que o mar estava muito longe. No quintal de uma casa não muito distante, viu paineiras, mangueiras e um ipê.

2. O poeta Elias José, escritor, ensaísta, contista e professor de Guaxupé, Minas Gerais, faleceu sábado, dia 9 de agosto de 2008. Um poeta de intensa e fundamental inspiração, sensível e moderno. Era grande o seu amor pelas palavras. Sabia com imensa sensibilidade apreciar o sol iluminando a terra, a lua espargindo sua voz dentro da noite, as estrelas perseguindo seu curso brilhante no espaço, as flores perfumando a vida. Jovem ainda Elias José se descobriu poeta e passou com todas as forças do seu coração a amar a literatura. Nos poemas, crônicas e contos que escreveu, Elias José deixa o eco e a marca de saua passagem na terra. Minas perdeu um excelente homem de letras.

3. Há tempos procuro um livro de Valéry. Afundo-me (este verbo na forma que emprego, é muito usado em Portugal) na poltrona, cansado. Fico sonolento. De repente, a chuva cai.

4. Krug Pilard leu o volume 5 da da coleção "Saciedade dos Poetas Vivos" dos literatos, poetas, editores e intelectuais Urhacy Faustino e Leila Míccolis, na Antologia Digital - e viu pessoas que admira: Luiz Otávio Oliani, Ricardo Alfaya, Clevane Pessoa, Dora Tavares, Geraldo Carneiro e Christina Ramalho.

5. Crônica Mal-Dita
Luiza queria que eu mudasse de vida.
Quem mudou foi ela: do lar-fogão-cama pra debaixo da terra.
Marias farejam viúvo. Viúvo embebeda marias.
Parentes ciscando jóias. Filhos aflitos.
Outras mães no fogão do leito vilão.
Luiza queria que eu mudasse de vida
e, tudo mudou sem Luiza... menos eu.
     - Myriam Ramos ("Sempre vivas")

6. Cabo Peçanha me dizendo que o filme "A bela da tarde, de Luiz Buñel, foi inspirado num donto de Guy de Maupassant. Vi o filme no cine Rio Branco, há muitos anos, e me recordo de que se tratava de senhora burguesa, respeitada no ambiente social, que buscou imitar a vida licenciosa das prostitutas

7. As óperas de Rossini são conhecidas no mundo inteiro. Ele morreu em Paris, em 1868. Era músico de primeira, tendo deixado uma série de Sonatas para cordas.

8. Guimarães Rosa - O sertão do escritor já não é mais o mesmo: "Os 50 anos do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, foram lembrados em todo o Brasil, com larga cobertura da mídia. Muito merecido. Mais triste é saber que o sertão proseado por Rosa já não guarda as mesmas belezas dos tempos das caminhadas do escritor e seus amigos de Minas Gerais afora, a partir de Cordisburgo, onde nasceu. A maioria das veredas morreu, o cerrado está virando carvão, graças à ganância do homem, em busca do lucro fácil. Se Guimarães Rosa fosse vivo, certamente estaria morrendo de tristeza ao ver o cenário de sua obra desaparecendo, indefeso". (Extraído do Tom Zine)

9. Caminho por uma estrada triste
    sem nada à frente ou dos lados
    e com medo do que há atrás.
           Pettras Felício

10. Na apresentação que fez do livro "As horas do desejo", de Pettras, seu pai, Brasigóis Felício (brilhante poeta, que procura mostrar um mundo que não se diz, talvez que não se defina...) escreveu: "As horas da juventude são as mais belas e também as mais sofridas de nossas vidas. É quando somos habitados por tempestades de emoções, esplendorosas ou vazias, desesperadoras esperas e pulsões, em estadias no inferno a que se condenam os que como Arthur Rimbaud, o anjo bêbado, sonham construir as esplêndidas cidades do futuro".

11. Não devemos esquecer de que "fim-de-semana" se escreve sempre com hífem. O que mais tem é gente esquecendo.

12 . E, no mais, como disse Virgínia Vendramini, em Matizes (Editora Blocos, RJ, 1999, capa de Urhacy Faustino sobre acrílica de Mônica Banderas), "minhas mãos ficaram repletas de tantas carícias inúteis...".

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