COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 56 - 21/1/2009
(próxima: 6/2/2009)

          
(atenção: novo e-mail)

Para onde vou?
(O primeiro sonho do ano, na manhã festejada de 2009)

Fui caminhando, procurando nas ruas a tranqüilidade que estava longe do meu coração, olhando para vultos que na distância me pareciam familiares e atravessei a rua que tantos anos seguidos fora o meu trajeto.

Lembrei-me principalmente de cenas recentes e procurei esquecer as antigas que mais me atormentavam.

Não me recordava de dias assim com tanta freqüência em que o tempo nublado parecia também tomar conta da minha alma. E continuei meu caminho enquanto muitos transeuntes me sorriam, como se me conhecessem e eu absorvia aquele momento pensando numa melhora interior.

Tirei os sapatos e andei pela areia branca da praia que sempre fora meu reduto preferido, enquanto desejava que meu corpo se enchesse de areia aproximando-me mais da água que gelou minhas pernas. E deixei que meus pensamentos liderassem com presteza e urgência. Como sempre fizera em certos momentos!

Fiquei assim longo tempo imóvel, querendo fazer quase uma regressão psicológica. Retornar ao começo para que entendesse o momento atual. E olhando aquela imensidão verde que eu tanto amava me perdi em sensações as mais estranhas.

Agora não queria retornar. Nunca mais! Nem me entender. Gostaria de ficar ali sempre torcendo para que o mar conversasse comigo como o fizera em muitas oportunidades. As ondas não estavam altas e levantei-me para encontrá-las, passando entre suas espumas e chegando ao verde que me extasiava.

Vibrei no contato frio que me fazia despertar um pouco, me entregava a longas reflexões e que nesse instante me levaria intacta para as profundezas.

Sentia minha imagem sorrindo através das águas e imaginei que fosse minha alma, preocupada numa paz que não encontrava. Ali, sim, sempre conseguira me descobrir, sentindo o gelo no meu corpo e podendo visualizar tudo que me cercava.

Era isso a natureza que eu amava em cada momento diverso e sempre me imaginei imergindo suavemente enquanto a respiração se fazia célere, meu corpo relaxado a querer cada vez mais se aprofundar, os braços ajudando o caminho difícil e inexorável.

Uma estranha imobilidade dominava enquanto sentia uma sensação de segurança e quase felicidade... E como se aquela sensação se prolongasse e uma escuridão repentinamente aparecesse percebi que abria meus olhos e divisava na semi-escuridão, um lugar completamente diferente onde o mar desaparecera e parecia que eu flutuava, sem poder me movimentar.

Compreendi então que acordava na penumbra do meu quarto, debaixo de confortáveis lençóis e surpresa pelo que tinha acontecido. Uma decepção imensa tomou conta de mim enquanto eu tentava divisar os móveis do meu quarto.


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