"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO

Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG

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Coluna nº 61, de 15/11/2009
(próxima: 15/12)

1. Faço a barba e fico imaginando coisas deste mundo maluco.

2. Da janela do meu quarto, vejo a fonte luminosa, a concha acústica, o Banco do Brasil, Itaú e Bradesco. Vejo, enfim, a praça José Resende de Paiva, em que outrora chamávamos de cemitério velho. Retrocedendo vejo a casa de Orlando Teixeira, do José Batista Pinto, do Hélio Nogueira, do João Alvarenga, Dr. Carlos Brito, Carlos Granha. Vejo a Tyresoles, Thomaz Retes, Tenente Liberalino Ramos, a fábrica de macarrão Cristal, do Arnaldo Couto e Antônio Chaves Ribeiro... Lembro o tempo em que circos e parques de diversão eram montados ali. Vem-me à memória a geração de 40 de Varginha. O dia em que li a "Carta de Pero Vaz de Caminha", junto com Vicente Scarpa, que morava na praça.

3. Hoje escrevi para Talinho (Malino de Menezes), compositor, escritor e sanfoneiro da gloriosa Curiapeba, terra amada e exaltada pelo cronista baiano de Mauá (SP) Aristides Theodoro. Um amigo meu, outro dia, perguntou-me sobre o baião que em 2005 você estava compondo, tendo por base uma crônica minha. precisei atender a um chamado de Nivaldo Alves, mas depois prossegui escrevendo.

4. SUICÍDIO

   Às vezes o poema não sai na cabeça nem a martelo.
   O poeta gasta um dia, dois, três, várias semanas
   - e não consegue escrever um só verso.
   O poema escondido como um ladrão, com medo,
   vergonha
   de mostrar as muletas de sua mutilação.
   E o poeta fica doido e suicida

              José Alcides Pinto - Fortaleza/CE


5.                 céu chumbo
     e graça de asas das garças
    repassam escrevendo em vôo

              Irineu Volpato                 


6. A pessoa, quando é amiga,
não deve ser rigorosa,
pois aos espinhos não liga
quem valoriza uma rosa!...

              Amaryllis Schloenbach

7. finalmente

o fim é o início
do que vem depois
e o início é o fim
do que era antes:
início
e fim
se mordem no rabo
- e assim se fecha o circuito
que ninguém abriu

              Dross

8. "Nós estamos na barbárie. A barbárie não deve ser entendida como colapso dos prédios na cidade, como maremotos, mas como um processo permanente de desagregação social, de decadência, de degenerescência, que é o que estamos vendo." - Carlos Nelson Coutinho.

9. Um acontecimento que causou tumulto se chamou o Baile Macabro. Era para ter caveiras, esqueletos, castiçais, velas e caixões de defunto, mas não teve, transcorreu normal.

10. No dizer de Breton, "o surrealismo é a cauda do cometa da visão romântica do mundo".

11. Xilogravuras de Valdir Rocha. Xilogravuras e enigma. Vincos. Contrito. Absorto. Disfarce. Retrato falado. Obelisco. Invólucro. Pleno de su. Desencontro. Viagem. Constatações. Ponto de fuga. Insônia. Divagação. Não sei como abrir e fechar parágrafos nesta sublime constatação da aliança poesia/xilogravura.

12. O tempo corre e corre muito, ele passa com demasiada pressa. É assim a vida. Tão curta quanto as das cigarras que, neste instante, estão cantando lá fora.

Arquivo de crônicas anteriores:
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