Nos teu olhos um campo de papoulas.
Nos meus?
O ópio destilado.
Por vezes resta apenas esta euforia
poder mágico de modular passos por espaços além
imaginar teatros encenados ao inverso
como que se por dentro, a retina refletisse
ao avesso, histórias vivas de um projetor cósmico.
Esta metamorfose de gente em gameta fertilizante
é esperança que palavras semeiem o ocorrido
agricultoras do solo fantástico de mim.
Palavras aves raras, migratórias,
que se debatem entre tábuas ósseas
rimbombando entre duras maters
protetoras cheias de líquido e isolamento
procurando a melhor direção do vento
para flanar na gravidade que puxa ao solo.
Por vezes apenas vale à pena
ser Deus de meus criados
filhos de meus olhos fechados
que nascem para o mundo
através de meus dedos.
Flores nos dedos
polinizam palavra.
Poesia é lavra.