Com você,
cada manhã
é um novo susto.
Tiraram-me os discos,
meus sonhos jogaram
na lata do lixo.
Deixaram-me os livros,
meus medos guardaram
junto aos meus rabiscos.
As noites que eu tinha
trocaram por dias
às vezes escuros
como o céu sem lua.
E eu me sinto nua:
coito prematuro
beirando a ironia
de uma dor rainha.
Não é pretinho básico
nem couro
nem veludo.
É luto.
Há que chorar
(da dor até o último fruto)
e lembrar cada minuto
do precioso tempo
em que vivemos juntos.