Outro dia descobri, por acaso,
na minha roseira, um simpático ninho.
Que passarinho teria escolhido
essa locação de perfume com espinho?
Um passarinho muito sábio
que, parece, encontrou a medida.
Não é essa a combinação da própria vida?
No cozimento da vida,
todos os males se evaporam,
todos os bens são consumidos.
A esperança fica no fundo da panela,
feito uma rapa de arroz bem cozido.
Chega um tempo
em que,
por excesso de peso
e urgência de leveza,
perdoa-se.
Chega uma hora
em que perdoar
nem é tão complicado assim...
Eu quero é a mágica de esquecer.
Sonhava tão alto
que, um dia,
uma ponta de estrela
atravessou-lhe o peito.
Precisava sonhar desse jeito?