A cortina esconde, o lençol desvela
a brisa revela a rotina.
Preparar a hora do pão de cada dia
alongar-se, banhar-se
no afã,
a roupa, o café com pão do trânsito:
a manhã.
A ferida expurga, a fome estrondeia
o vento furta a esquina.
Os ossos se arriscam entre e dentro
dos carros, dos escarros
no afã,
sirenes, faróis e muitas buzinas:
o dia.
Os homens se arriscam/riscam
o que têm de mais caro.
Abrir o coração para a rua-poema
não necessariamente nessa ordem:
galo, pássaros, cães, gatos, entregadores,
passantes, estudantes, trabalhadores,
ambulantes, criancinhas, idosos...
e, flores, muitas flores.
Abrir o coração.