em edifícios
chãos de praça
o sangue tomba
escopetas revólveres
fuzis traçantes
perfuram a madrugada
nos dedos
a apatia:
o que fazer?
frente à violência
nada a ser dito
há apenas o olhar
de quem morre
com os próprios mortos
a palavra é adaga
a cortar os pulsos
contra ela
milícias bombas
são inúteis
canhões não têm vez
sequer mordaças
a palavra não se cala
grita ejacula goza
a palavra é adaga
fere, mata
mas também é espera:
seu tempo é todo o tempo