escrever o nome na areia é fácil
quero ver escrever na estrela
aí a coisa pega
quero ver sorrir
sem causar estrago
chorar sem causar afago
chover sem a terra ceder
sentir e esconder
pular sem transtornar
quero ver dar a volta
sem usar a curva
falar com a flor
e ela permanecer muda
quero ver partir
sem sentir-se numa emboscada
a infelicidade não serve pra tudo
a felicidade não serve pra nada
as crianças brincam de ser sérias
desenhando sombras
contornam os sonhos com os passos
e fingem gestos coloridos
erguem telhados de vidro
formam nuvens com as pedras
as crianças caem sem noção de desabar
tropeçam e os pés envelhecem
atravessam portas sem deixar marcas
porque são puras voam
e os outros enxergam pássaros