Na divisa do arbítrio
limítrofe entre insanidade e consciência
fico com as duas.
Não vou ser sua musa, sonho ou pesadelo
Desato as tiras, corto o cabelo
Do alto da sandália que deforma
rasgo o espartilho, desfio a meia
desvencilho-me da noia
pinto mechas vermelhas
sou só eu dentro e... — Fora!
Bermuda e camiseta
cigarro, papel, caneta e Coca-Cola
vou de Havaianas
conquistar meu espaço na areia.
Salva da morte por um fio
ela agora vive a fiá
Fia de Don'Ana, a fiadeira
fia os fios, tece com seus bilros suas teias
Conforta como pode a fome impiedosa
com os filhos dependurados
nos bicos dos seus seios.
Só sou doente pelo que calo
Logo, escrever é minha cura
Só a arte é capaz de salvar-me do mundo.