na minha terra de violeiros
os poetas morreram cedo
mas os poemas ficaram
pendurados nas pontes
plantados nos parques
deitados no mar
absortos nos monumentos
aos olhos invisíveis da cidade
num repente
que toma a mão da gente
violam os rios
violam os mangues
viola o tempo
violam as manhãs
violam as árvores
o canto dos meus poetas
viola todo sentimento
nas minhas cordas vocais
costuro dentro de mim caminhos
o ato de cerzir destinos
é sempre um ato vão
sem domínio
ao mar
tábuas de salvação
os navios
à terra
asas
poesia