Tu, que guias a caravana entre o abissal e o horizonte,
dá-me percepção humana de reconhecer as fontes...
Tu, que a cada novo dia, fazes das trevas renascer
a luz dos olhos nos meninos
para Te espelhares em Teu próprio amanhecer
depõe orvalho nos meus lírios,
para que se transmutem em círios
quando, um dia, meu ser anoitecer.
Tu, que divides meus caminhos,
em manhã, tarde e ninho,
dá-me a leveza de Tuas brumas,
para que em mim o amor se resuma
em sempre o coração ascender...
Se minha chama interior ameaçar se consumir
em orgulho, vaidades e inquietudes,
lembra-me da Tuas cordilheiras, as altitudes,
para que eu aceite em paz toda obra Tua que faz
minha pequenez se reconhecer.
Quando a noite negra se revelar
em lágrimas, dores ou desesperança,
segura-me pela mão, e guia-me até um coração
que ainda me ame como lembrança.
A Ti confio
as asas de minhas palavras,
o som dos meus silêncios,
o curso de minhas lágrimas,
e todos os rostos dos meus pensamentos.