Quero o homem do futuro
Que pisava com pés de santo
e sandálias de pescador
Que contava estrelas de anis
e esculpia cristais de sal
Que matava a gente de rir
Com seu bodoque de flor
Quero o homem do futuro
Que desenhava arrepios
Com caneta dermográfica
Que escrevia garatujas
e as soltava na vidraça
Que tocava com canções
e beijava o céu na boca
Quero o homem do futuro
Que só de chegada era porto
Que despia anáguas
com olhos de peixe morto
Quero o homem que ficou
e acordoou um banjo no sul
com a linha da pandorga azul
o peixe voava
a linha sangrava a
mão
e a criatura
fé no criador
pensava o peixe
pão
o oráculo aproximou-se do
rio e falou
com a voz do peixe:
deixa ir
o pão e a água
e aquele que fostes
junto com eles