Mito em contexto - Coluna 41
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Os filhos monstruosos de Équidna
As mais poderosas e primitivas forças da natureza estavam representadas na Primeira Geração Divina. E havia monstros assustadores. Pertencentes a essa primeira geração, o Gigante Crisaor e Calírroe, filha de Oceano, tiveram os filhos Gerião e Équidna. Gerião era um gigante de três cabeças que foi morto pelo herói Hércules. Équidna era um monstro com corpo de mulher e cauda de serpente que vivia nas profundezas. Com Tifão, Équidna gerou os monstros Fix, Ortro, Leão de Neméia, Hidra de Lerna, Cérbero e Quimera. Esses monstros eram violentos, por isso foram combatidos pelos heróis.
O Cão Cérbero guardava a entrada do Hades, mas nunca permitia a saída. Hércules entrou e saiu, pois venceu Cérbero em uma luta e pôde levá-lo por um tempo para a corte de Euristeu, em um dos seus doze trabalhos. Hidra era uma serpente gigante de várias cabeças que vivia na região de Lerna. Tinha uma picada venenosa e sem antídoto. Quando uma de suas cabeças era cortada, nascia outra no lugar, e uma delas era imortal. Esse monstro foi vencido por Hércules com a ajuda de Iolau, que trazia fogo para cauterizar cada cabeça que o herói cortava.
Fix era a forma beócia da Esfinge, monstro feminino com cabeça de mulher, corpo de leão e asas. Équidna teve a Esfinge em uma união incestuosa com Ortro, um de seus filhos. O monstro devorador foi enviado a Tebas pela deusa Hera como punição por um crime de Laio. A Esfinge apresentava um enigma que ninguém decifrava e devorava as vítimas que erravam. O filho de Laio, Édipo, enfrentou o monstro e acertou o enigma proposto. Vencida, ela se jogou do alto do rochedo e morreu.
O Leão devastava a região de Neméia devorando rebanhos e habitantes. Hércules o acertava a flechadas inutilmente, pois seu coro era invulnerável. O herói sufocou o monstro e arrancou sua pele, depois cobriu os próprios ombros, que se tornaram invulneráveis. Com a cabeça do monstro fez uma espécie de capacete. O Leão de Neméia foi transformado em uma constelação do zodíaco, para perpetuar a façanha de Hércules.
A história de Quimera foi contada no mito de Belerofonte, que teve de realizar alguns trabalhos, assim como Hércules. Tudo começou quando ele estava exilado em Tirinto pelo rei Preto. Estenebéia, esposa de Preto, se apaixonou pelo hóspede, mas foi recusada. Ela disse ao marido que Belerofonte tentou seduzi-la. Preto não podia violar a lei da hospitalidade, então enviou Belerofonte ao seu sogro e rei da Lícia, Ióbates, pedindo sua morte em uma mensagem. Ióbates já tinha recebido Belerofonte como hóspede, ao ler a mensagem, e não pôde matá-lo, mas o encarregou de trabalhos mortais, como lutar contra Quimera e as Amazonas.
Quimera era um monstro híbrido como a mãe, tinha cabeça de leão, cauda de serpente e corpo de cabra. Quimera estava destruindo a região de Lícia quando Ióbates impôs a tarefa. Belerofonte chegou com Pégaso, o cavalo alado, e se aproximou do monstro com uma lança de ponta de chumbo. Quimera lançou fogo e o calor das chamas derreteu o chumbo que a matou.
A representação de Quimera foi comum na arte cristã medieval, que a tornou um símbolo do mal. Atualmente o termo quimera significa sonho impossível de acontecer. Designa o que é fantástico, o que vive na imaginação, algo tão absurdo que chega a ser utópico.
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