Mito em contexto - Coluna 45
(Próxima: 05/05)
Poseidon, Senhor de Atlântida
Netuno na mitologia romana, entre os gregos Poseidon era filho de Crono e Réia, da segunda geração divina. Participou com Zeus e outros irmãos da batalha contra os Titãs. Após a derrota dos Titãs, o Universo foi dividido em três reinos, Zeus ficou com o Olimpo, Hades com as entranhas da Terra e Poseidon com o domínio do Mar. Foi antes da batalha que o deus dos mares herdou dos Ciclopes sua arma e cetro, o tridente, tão terrível quanto o raio de Zeus.
Entre seus diferentes epítetos, Poseidon era o “sacudidor de terra”, pois antes de se tornar deus do mar era um antigo deus ctônio, que fazia a terra oscilar. Desse modo, se tornou também “sacudidor do mar”, domador de ondas e de cavalos. Era invocado como salvador de navios e protetor dos passageiros. Poseidon percorria as águas na carruagem criada por seres monstruosos meio cavalos, meio serpentes, que também faziam parte de seu cortejo, junto com Nereidas, delfins, peixes e criaturas marinhas de toda espécie.
Foi Poseidon o responsável pela paixão de Pasífae pelo touro de Creta. O rei Minos pediu a Poseidon um touro para provar seu poder aos adversários. Minos devia oferecer ao deus o touro que saiu do mar. Admirado com a beleza do animal, o rei o guardou em seu rebanho e sacrificou outro animal em seu lugar. Enfurecido, Poseidon pediu à deusa Afrodite que despertasse na esposa de Minos um desejo pelo touro. Pasífae pediu ao arquiteto Dédalo que construísse uma vaca oca de madeira para que ela pudesse consumar seu desejo. Dessa união nasceu Minotauro, monstro com corpo de homem e cabeça de touro.
Quando os homens se organizaram em cidades, os deuses escolheram onde seriam honrados. Poseidon foi vencido em muitas disputas. Perdeu, por exemplo, Corinto para Hélio, Egina para Zeus e Delfos para Apolo. A mais famosa competição foi pela cidade de Atenas, quando fez brotar da terra uma fonte ou, segundo alguns, um cavalo. Atena plantou a oliveira, símbolo de paz e fecundidade. Os deuses arbitraram e deram a vitória para a deusa. Poseidon ganhou, sem disputa, a ilha de Atlântida.
Platão contou em seus diálogos “Timeu e Crítias” que o legislador ateniense Sólon, na viagem ao Egito, interrogou sacerdotes que lhe disseram sobre a guerra entre Atenas e os Atlantes, habitantes de Atlântida. Segundo a narrativa de Platão, Atlântida estaria localizada além das Colunas de Hércules (hoje Estreito de Gibraltar), e era maior que a Líbia e a África juntas. Nessa ilha, onde os reis formaram um grande império, vivia Clito, uma jovem que perdeu os pais. Poseidon e Clito tiveram cinco gêmeos, dos quais o mais velho era Atlas.
A ilha foi dividida em dez pequenos reinos e Atlas ocupou o centro. O próprio Poseidon organizou a ilha. Contam as histórias que era um reino de sonhos, rico em flora, fauna, pontes, canais, labirintos, cidades subterrâneas, tesouros minerais como ouro, cobre e até um metal que brilhava como fogo chamado oricalco, que só conhecemos de nome.
Os Atlantes foram vencidos pelos atenienses pelo menos nove mil anos antes de Platão. A ilha desapareceu tragada por um cataclismo. Ou o próprio Zeus teria causado sua destruição com terremotos e maremotos, por causa das perversões a que o povo atlante se entregou, como o mau uso da magia e da ciência. Alguns acreditam que as histórias de dilúvios presentes em várias culturas são recordações da catástrofe sofrida pelos atlantes. Para os geólogos que acreditam no seu passado histórico, a ilha estava no atual mar de Creta e foi engolida após a maior erupção vulcânica já registrada pelos humanos, provocada pelo vulcão Thera, em Santorini.
Arqueólogos associam aos atlantes as ruínas ciclópicas em tantos lugares da Terra, construídos sob orientação astronômica muito precisa, como a egípcia Esfinge de Gizé. Alguns acreditam que culturas posteriores, como a dos Maias, Incas e Astecas foram fundadas pelos Atlantes. A fundadora da Teosofia, Helena P. Blavatsky, descreveu sobre cultura, ciência e religião dos Atlantes nos seus livros. Existem muitas teorias sobre a história da ilha que ainda permanece um mistério e, seja qual for a origem, mito ou realidade, tragada por catástrofes naturais ou pelos deuses, para nós continua sendo um símbolo de cidade ideal.
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