COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 69 - 6/8/2009
(próxima: 21/8/2009)

          

É aqui que estaremos

Hoje me encontrei com  anos que se foram, e não foi nada desagradável. Parece que nossas existências  estão sempre procurando um aprendizado sadio nem sempre árido, mas reconfortante e precioso.

Não sei se era um sonho ou se regressei às minhas origens e pude entender o sentido de muitos acontecimentos à frente com uma facilidade assustadora. Acontecimentos esses que na época talvez não compreendesse.

Pisava em nuvens densas, principalmente com a leveza da inocência que tocava meu coração e sentia que a vida me proporcionara momentos de tanta felicidade que me impulsionara para a compreensão mesmo quando o conhecimento e a claridade de meus pensamentos já não tinham o sabor de momentos leves e sedutores.

Deparei no meu caminho tanta gente boa, generosa e amiga que não percebia a metamorfose ocorrida no mundo e nem exatamente a época em que  a covardia e a violência iniciaram mais profundamente seu processo degenerador.

Tudo parou ali naquele instante em que me perguntava pelos valores intrínsecos e me via em frente a épocas passadas perguntando o que esperei da estrada que estava seguindo entusiasmada e cheia de sonhos.

Os sonhos continuaram e se fazem presentes neste mesmo momento em que me encontro longe daqui sem espaço, tempo  ou lembranças objetivas. E me vejo calmamente pulando sobre ondas suaves, muito brancas, com  o corpo molhado do mar e  admirando o infinito horizonte que me parecia tão distante e promissor.

Muitos rostos , um ao lado do outro fixam meus olhos extraordinariamente pensativos e mágicos ao perceber as figuras que diminuem e aumentam com uma facilidade assustadora, enquanto meu pensamento não tem origem na profundidade das imagens coloridas e explícitas.

Cadê você? Eu me faço essa pergunta como se tivesse me duplicado em matérias e estivesse procurando captar o sentido de minha própria pergunta ao divisar bem longe o que fui um dia ou o que serei anos para frente na velocidade estupenda em que sinto o tempo passar.

E abraço a todos sentindo a ternura que agora compreendo, o carinho que não tem limite e o extravasamento do afeto que sentia, mas não era capaz de dimensionar e nesse rodopiar do sentimento minha vida se divide em milhões de pedaços, meu corpo transita inconsciente mas meu cérebro está tão lúcido que posso entender as palavras que se perdem num vasto precipício mas que eu posso alcançar com clareza.

Cadê você? Estou aqui com o mundo, na terra que aprendi a caminhar  e encontro sua imagem, gesticulo querendo envolver todas as coisas que decorreram e mesmo assim agradeço a cada minuto de certeza, de claridade dessas recordações que fazem parte do meu viver e que não me atormentam porém condensam nesse momento que estou vivendo fazendo que eu perceba o sentido do que estou passando, do que passei e do que passarei. E nesse dia divisarei a luz suavemente e viverei em cada momento que eu imaginava não mais voltar. Mas viverei, é aqui que estarei, dentro de mim mesma e de cada pessoa sem poder dimensionar o tamanho nem o espaço.

È aqui que estarei, é aqui que estaremos...

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