COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ
Tesouro Interior
Ontem foi o dia que eu fiquei à tarde na periferia da cidade, em santa Maria, reunida com algumas crianças e adolescentes na antivéspera de natal.Levei alguns presentes, balas, bombons e todo o meu carinho. E me senti um pouco gente quando pude ver que muitos sorrisos estavam ali presentes, naqueles rostos tão jovens.
Fico imaginando a felicidade que existe naquelas crianças, por dentro de seus corações, esperando apenas algo que os estimule. Um pequeno gesto, uma palavra, um sorriso, e eles já estão prontos para corresponder ao sentimento de uma forma totalmente tocante.
Ali reunidos, vi crianças doentes e com o sorriso mais lindo nos lábios e a pequena Zuleide, a externar seu amor pelo mundo só porque alguém estava ali tão próxima e naquele momento senti o quanto tudo aquilo era especial para mim.
Quis falar a eles todos que naquele instante, não era eu que estava ofertando em maior grau e sim eles, maravilhosos seres humanos, que tiveram a falta de sorte de nascer na pobreza absoluta.Todos ali me davam exemplo de desprendimento, alegria, reconhecimento e confiança.
M uitas vezes vi crianças da idade deles, com toda espécie de regalias a se desesperar por tão pouco! E imaginei como o ser humano guarda extraordinárias potencialidades. Principalmente quando sentem que a vida oferece às vezes aos poucos e silenciosamente, mas acaba mostrando o poder de cada ser humano em usufruir pequenos e maravilhosos momentos especiais.
Eu sentia isso em cada jovem daqueles que brincavam ao compasso de sua música interior e externavam a felicidade de estar vivendo embora, por vezes esse caminhar fosse difícil e doloroso.
O prazer que eles me deram, as horas de convívio, carinho, ensinamento e absorção da própria felicidade eu agradecia encantada ao Papai.Noel da minha infância. Parecia que naquele momento voltara a acreditar no velhinho que me proporcionara o direito de sonhar.
Naquele instante mágico em que se reuniam crianças encantadoras, ricas de sentimento, com um poderoso tesouro interior a ofertar tantas maravilhas, eu agradecia aquele dia antes dos 12 anos quando visitara o morro dona Marta no Rio de Janeiro e vira o excesso de luz difusa que me aquecera. E aprendera a essência da verdadeira felicidade.
Aquelas crianças tinham mais que todos nós reunidos: A capacidade de se darem , amarem e compreenderem a limitação que a vida pode impor. Tudo que eu queria naquele momento era dizer-lhes que papai Noel jamais os esqueceria e lembrei então que nem sempre ele estaria por perto.
Mas nós estaremos juntos. Sei que eles ficarão contentes e eu muito mais. E enquanto isso sonharemos com o doce velhinho, em todos os natais da vida e com sua história mágica e fascinante.
19-12-2009
Colunas anteriores:
01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77