COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

2ª quinzena de dezembro - Coluna 81
(Próxima coluna: 18/1/2007)

Outra vez é Natal!

Pois é: mais um ano que se vai, mais um Natal que chega, mais balanços de vida. E entre perdas e ganhos, danos e lucros, continuamos aqui – nem todos, é certo –, mas mais seres chegaram, pra compensar, e sempre em maior número dos que se foram. E assim caminha a humanidade... A passos largos, rumo a um destino ignorado, porém, temido.
Houve uma época em que todos os vizinhos se cumprimentavam no Natal; as empresas davam cestas de Natal pros funcionários e faziam festas pros empregados e familiares, tomando o cuidado de não se esquecer do presente de nenhum membro da família de cada um. Bons tempos! Hoje em dia é melhor telefonar antes pro vizinho, pra saber se ele vai abrir a porta pra você, se é que você tem mesmo intenção de cumprimentá-lo, pois, afinal, o Natal já perdeu até a graça e o charme. Envelheceu e ficou igual ao Papai Noel: longas barbas brancas, roupa folgada pra deixar as carnes fartas à vontade, e uma preguiçinha gostosa, que faz com que a gente fique se perguntando onde foi parar o verdadeiro Natal?! Há uns 50 anos, a gente ia à missa do galo, rezava, se abraçava, os presentes eram individuais (bons tempos!) e anônimos (ao menos pras crianças). Há uns 30 anos a moda eram as comemorações ecumênicas: mais simplicidade nos ritos, economia na hora dos presentes que se transformaram em “lembrançinhas” e até simples panetones. Há uns 10 anos atrás a onda era se organizar em festas comunitárias, juntando os amigos, fazer amigo secreto, cada qual combinava de levar um prato, dividiam-se as frutas e as bebidas e a limpeza ficava sempre pra coitada da dona da casa de maior tamanho, bem como o mais gordo pagava sempre o “mico” de se fingir de papai Noel. Hoje em dia eu nem sei se vou fazer algo especial pro Natal, pois domingo é dia de “morgar”, jogar conversa fora, comer frango com macarrão, ler o jornal de pijama.
Não, ninguém mais se senta à máquina de costura pra fazer uma roupa de presente, ninguém mais borda iniciais em um jogo de toalhas, ninguém mais tricota lindas malhas de inverno. Os enfeites também são comprados às dúzias, todos MADE IN TAIWAN, trazidos para cá pelos executivos de fronteira. Árvores de pipoca e/ou algodão estão fora de moda. Chique é fazer da sua casa um luminoso avistado a metros e metros de distância, contratar um papai Noel de aluguel pra distrair as crianças enquanto você guarda as sobras pro dia seguinte em seus lindos novos potes plásticos, que vão do freezer pro microondas e não se danificam – presente da mamãe ou da sogra, aquelas senhoras muito práticas. Chique é sorrir fingindo felicidade ao receber do marido um novo cortador de pizzas. Chique é ter filhos que aos 5 anos já descobriram na escola que papai Noel não existe – é bom, assim eles se tornam adultos precocemente, não fazem mais papel de bobinhos acreditando em fadas e duendes e outras coisinhas bobas típicas da infância.
Eu, particularmente, não pretendo fazer parte dessa algazarra em que se transformou o Natal: trata-se apenas e tão somente, atualmente, de mais uma festa pagã – só falta inventarem o Carnaval de Natal, com direito a trio elétrico e papai Noel dançando na boquinha da garrafa (de sidra, claro!)!
Enfim, em nome do bom tom e da esperança (pequena, confesso) de que melhores Natais aconteçam pra todos mundo, incluindo os excluídos, os oprimidos, os comprimidos e os compressores, cumpro meu dever de cidadã e desejo a todos (indiscriminadamente) um Feliz Natal e que 2007 nos traga de volta a esperança de um mundo melhor!
O resto é castanha, Faustão, e a asinha crocante do frango!


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