JOSÉ NÊUMANNE
Jornalista, editorialista do Jornal da Tarde, comentarista da Rádio Jovem Pan e do SBT, poeta e escritor com diversos livros publicados, entre eles: Solos do silêncio – poesia reunida e O silêncio do delator, que acaba de obter o Prêmio "Senador José Ermírio de Moraes", da ABL (clique no título da obra para ler a fortuna crítica).
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Coluna de 25/5
Samba para a pizza
Cada cidadão brasileiro sentiu-se pessoalmente ofendido com a insensata falta de pudor de Ângela Guadagnin (PT-SP), que saiu sambando pelo plenário da Câmara dos Deputados para festejar a absolvição do companheiro João Magno (PT-MG). Essa senhora é a mesma que pede vistas de todos os relatórios que recomendam a cassação de mandatos de seus colegas de bancada no Conselho de Ética da Casa. E foi ela também quem, em 1985, cumprindo determinações do peão que viraria presidente, demitiu da prefeitura de São José dos Campos seu secretário de Finanças, o ex-guerrilheiro Paulo de Tarso Venceslau. Este havia levado à direção do PT a notícia de que o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, que, à época, morava de graça em apartamento da propriedade dele sem pagar aluguel, em São Bernardo do Campo, comandava esquema de corrupção em prefeituras petistas de perfil muito assemelhado a esses tais “mensalão” e “valerioduto”. Investigação feita por comissão interna do partido, por Lula nomeada e presidida pelo promotor Hélio Bicudo, conhecido por sua luta contra o Esquadrão da Morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury, concluiu que a denúncia precisava ser analisada, pois havia indícios de que o denunciante tinha razão. Mas este foi, primeiro, demitido por Guadagnin e, depois, expulso por Lula do PT, então ainda pretendente a monopolista da ética e dos bons costumes na conturbada e pouco asseada História republicana brasileira.
E, já que se fala aqui de mulheres que cumprem ordens, talvez seja útil registrar ação da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), que requisitou do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), espécie de mordomo a cumprir ordens do Planalto de seu alto posto à Mesa, imagens de visitas do caseiro Francenildo Santos Costa ao Congresso Nacional. O pedido foi retirado pela autora, a conselho do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), mas ficou o registro da bisbilhotece dessa senhora, que passou a merecer a alcunha de Big Sister , retirada do tirano que vigiava os cidadãos de seu país do romance 1984 , de George Orwell, o Big Brother , que inspirou a marca do reality show de televisão, famoso no Brasil e no mundo.
Outra mulher, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), reagiu à bisbilhotice da ex-companheira de bancada, comunicando a seus pares que já avisou à família que, se for fuzilada na rua, ninguém deve acreditar que ela terá sido vítima da violência banal das ruas, mas, sim, executada a mando dos componentes do que ela chamou de “governo bandido”. A intenção da veemente parlamentar era denunciar a truculência contra o citado caseiro, que viu e contou ter visto o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, numa casa suspeita, onde se misturariam profissionais do sexo e malas de dinheiro sujo. E ela terminou por expor também o convívio promíscuo entre o crime organizado e o Estado brasileiro sob a gerência petista. Esse convívio é a única explicação cabível para o fato de o Supremo Tribunal Federal, na administração Nelson Jobim, outro capacho do Executivo, ter impedido a quebra de sigilo bancário de Paulo Okamoto, que detém a chave da caixinha de esmolas para a família Lula da Silva, mas fazer vista grossa para a criminosa quebra do sigilo bancário do caseiro.
Aliás, na República do PT, sob o signo do “em dúvida pró réu”, em vez de se investigarem as malas de dinheiro na “República de Ribeirão Preto”, o Coaf, sob as ordens do chefão desta, exigiu que um humilde e honesto trabalhador justifique seus depósitos em poupança na Caixa Econômica Federal. Uma mão lava a outra: o crime a serviço da impunidade e a impunidade a serviço do crime. Que náusea!
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