COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Delegada na área Literária (Secretaria Municipal da Cultura).

1ª quinzena de junho - Coluna 90
(Próxima coluna: 18/6)


Quase crônica sobre tema impreciso


Eu preciso de tempo, e o tempo não se importa com minha vontade pra resolver se faz frio ou chuva ou calor ou ventania, apesar dos ventos terem vontades próprias e das águas encharcarem o mundo quando transbordam dentro de si mesmas em gozo e tempestade, em simples resfriado, brisa amena, uma sonolência sem sentido ou razão própria de ser no próprio tempo que em tempo nada sabe o que dizer.
Pianos e pêssegos em calda, menina e bola, música e magia, relógio parado, atrasado, volta, passado, futuro adiado. Antes o resgate, em notas cheias, colcheias, breves ou semibreves. Apenas o som, sem se importar com-o-passo, que nessa partitura não me cabem teorias precisas e sim apenas e tão somente a viagem em notas musicais. A menina larga a bola e volta no tempo, e tanto, e tão alto, o som dessa música, que lá se vai, perdida antes mesmo do vento, antes da magia, no ventre. E o músico se perde no depois, achando que antes foi sempre, e continuará sendo, mesmo depois da festa de 15 anos em que não dançará com a moça, fruto da menina que dança nas notas, que flutua na música, que esqueceu a bola na esquina da tempestade, antes mesmo que nuvem houvesse, que frio fizesse, que o silêncio adormecesse por entre flautas doces, bocas em pêssegos, beijos sem amanhã.
As almas nuas são como maçãs flutuantes que não já não se importam com a gravidade dos peregrinos, ou com a falta das manhãs. Elas descansam dentro de si próprias, qual maestro e menina, diante do piano compartilhando a bola, consagrando os segredos dos que repousam acima dos calendários, aquém da lógica temporal. Distante da terra dos homens, repousam em mundos imprecisos, habitando naves espaciais, especiais em plenitude e saem do deserto de sua insigne existência com destino para além da vida comum.
Na esfera dos sonhos, no mundo da lucidez, menina segue à frente chutando bola, homem e música formam um, as nuvens se afastam pra que o sol tenha, enfim, pousada lírica nessa terra árida.


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