Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta  Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.

  Coluna 104 

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot

Queridos leitores,

Estou aqui hoje para pedir que vocês dêem atenção especial a este tema, vivissecção (testes em animais vivos). Estive nesta quinta-feira, dia 1 de junho, em uma manifestação CONTRA este ato cruel e desnecessário. Posteriormente, eu e outros protetores, autônomos e de Ongs, fomos ouvir a explanação da PL do vereador Cláudio Cavalcanti, na Câmara (Cinelândia) contra a vivissecção - ela foi vetada pelo Prefeito César Maia, mas será votada no dia 20 de junho de 2006, às 10:00!!!!

Peço que TODOS que amam os animais e os respeitam compareçam, vamos fazer pressão. Ontem havia bastante gente e conseguimos ser ouvidos de alguma forma e isso já foi uma vitória... Chamamos atenção, mostramos que não somos meia dúzia de fanáticos e sim um número ainda pequeno de pessoas, mas muito conscientes e com argumentos muito bem fundamentados para sermos contra! Várias pessoas nas ruas prestaram atenção, leram os panfletos e se sensibilizaram e isso também é importante – conscientização!

As indústrias farmacêuticas querem cada vez mais dinheiro, assim como as de cosméticos e a maioria dos Seres Humanos que não respeitam espécie alguma, nem a eles mesmos. Vamos lutar contra isso, vamos nos unir e fazer pressão, dar apoio ao Vereador Cláudio Cavalcanti que não está sozinho nessa luta!

Embasando teoricamente como existem meios alternativos, aonde animais indefesos não precisam ser torturados e mortos gratuitamente, em nome de uma Ciência com Cheiro de sangue:

As pesquisas mais recentes sobre métodos substitutivos estão reunidas no livro Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação – pela ciência responsável , escrito pelo biólogo Sérgio Greif e publicado este ano pela ONG Instituto Nina Rosa.

O conjunto de técnicas alternativas defendidas no livro inclui, entre outros, testes in vitro (realizados em tecidos e células vivas), utilização de vegetais, estudos clínicos e não invasivos em pacientes humanos voluntários, estudos epidemiológicos, técnicas fisico-quimicas (como a tomografia) e estudos em cadáveres. O livro destaca ainda a utilização da tecnologia para criar simulações computacionais, softwares educacionais, filmes, modelos matemáticos, nanotecnologia e até manequins criados especialmente para determinados procedimentos.

“Os métodos alternativos de pesquisa que excluem animais são mais baratos a médio e longo prazo, mais refinados, mais confiáveis, mais rápidos e facilmente reproduzíveis”, argumenta o autor. Este é o segundo livro que Greif escreve contra as pesquisas com animais. Em 2000 ele escreveu em parceria com outro biólogo, Thales Trèz, o livro A Verdadeira Face da Experimentação Animal – A sua saúde em perigo, também publicado pelo Instituto Nina Rosa.


http://peshp.vilabol.uol.com.br/vivisseccao.htm

VIVISSECÇÃO

Sacrifício animal: A morte com aval da ciência

Por ano cerca de 400.000.000 de animais no mundo inteiro são mortos em experiências realizadas em laboratórios, mais conhecidas pelos profissionais da área como vivissecção. As vítimas desses abusos são: macacos, cachorros, gatos, coelhos, camundongos, porquinho da índia, rãs, pombos e outros roedores. Esses animais são desnecessariamente queimados, eletrocutados, envenenados, afogados, privados de sua alimentação e comportamento natural e forçados a ingerir substâncias tóxicas para fins ditos "científicos".

(Fonte: Holocausto – Milly Schãr Manzoli- Editora da Taps)

Os animais sacrificados por pesquisadores da área médica, indústria alimentícia e de cosméticos, entre outras; para justificar a vivissecção, a maioria dos cientistas adota a teoria da necessidade humana. Há quem afirme, porém, que essa é uma pratica dispensável e até mesmo inútil.

"Sereis um motivo de terror para todo o animal da terra, para toda ave do céu, para tudo que se move sobre a terra, para todos os peixes do mar: eles estão entregues nas vossas mãos." (Gênese 9, 2 e 3)

"O homem é senhor e proprietário, enquanto o animal não passa de um autômato, uma maquina animada. Quando um animal geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal. Quando a roda de uma charrete range, isso não quer dizer que a charrete sofra, mas apenas que não está lubrificada. Devemos entender da mesma maneira os gemidos dos animais, e é inútil lamentar o destino de um cachorro que é dissecado vivo num laboratório." (Descartes )

Até o século XVII, as ciências físicas limitavam-se ao que se denominava "filosofia natural", indagando apenas os fatos da vida diária, auxiliada pela linguagem matemática. A partir desse século surgiram as "Sociedades Científicas", entidades livres da subordinação governamental e da igreja. Nessa época foi facultada aos estudiosos a penetração em áreas antes interditadas, consolidando-se, então, o método experimental.

O propósito de se estudar o mundo natural se resumia (e ainda se resume) em que a natureza, desde que conhecida, seria denominada, gerida e utilizada a serviço da vida humana. Os estudos dos animais objetivavam determinar se eles podiam ser de alguma serventia ao gênero humano, como alimento e remédio, e se esses e quaisquer outros usos deles podiam ser ainda mais aprimorados. E isso continua acontecendo ainda hoje.

A convicção de que havia uma diferença fundamental entre a humanidade e as outras formas de vida abriu o caminho para o exercício ilimitado da dominação humana. E com o cartesianismo instaurou-se um corte absoluto entre o homem e o restante da natureza. A declaração sobre os animais feita por Descartes, cujas atitudes e opiniões são aplaudidas até agora pelo mundo científico, simplesmente tira o fôlego. E é essa atitude, digna de um Hitler, que justifica até hoje as experiências em animais feitas por "cientistas" do mundo inteiro.

Cerca de 400 milhões de animais são sacrificados todos os anos pelas necessidades da vivissecção. Um terço desse incrível número pertence à investigação médica; dois terços a atividades diversas: indústria de alimentação, cosméticos, produtos de limpeza, tabaco e indústria de guerra. São ratos, ratazanas, coelhos, cães, gatos, macacos, cavalos, bois – conhecidos nos laboratórios como "instrumentos biológicos".

A vivissecção não é nova. Podemos considerar Gallien, químico francês do século passado, o fundador dessa prática. Ele feria ou mutilava macacos e cobaias para conhecer as desordens assim produzidas. Estudou os efeitos da destruição da medula espinhal, perfuração do peito, da secção de nervos, das artérias. Depois surgiram vivissectores ilustres como: Graaf, Harway, Asselli, mais tarde Claude Bernard.

Numerosos médicos e cirurgiões, na verdade, consideram a vivissecção inútil. Ao constatar que a sua vacina contra paralisia infantil causou poliomielite e/ou câncer em vários macacos, o famoso cientista Albert Sabin declarou: "É tempo de acabar com experiências em animais, porque elas não são relevantes para os humanos".

Segundo o professor Mathé, diretor do Instituto de Câncer, em Villejuif, na França, "Os ensaios de medicamentos em animais não permitem uma boa escolha e nada garante com segurança que os mesmos resultados possam ser obtidos no homem". Para o professor Giroud, da Universidade de Montpellier, na França, "os ensaios nos animais nunca darão uma perfeita satisfação, pois, por sua constituição, tamanho e reações orgânicas, ele difere enormemente do homem".

"Os dados obtidos com os animais não podem de modo algum sobrepor-se aos obtidos do homem... Se não houvéssemos esperado tanto dos trabalhos em animais, não teríamos tido tantos fracassos no homem", afirmou o dr. Grosnier, no hospital Neckar, em Paris.

Segundo o prof. Kiembe, da Alemanha Ocidental, "as experiências em animais até agora não nos permitem de modo algum estabelecer paralelos com o homem. Os produtos mais perigosos encontram-se exatamente entre aqueles que foram mais exaustivamente estudados nos animais".

Os animais reagem de maneira diferente da nossa: o porco espinho absorve sem perigo uma dose de ácido prússico capaz de matar um regimento. O coelho e o pombo ingerem sem problemas uma dose de beladona que mataria um homem. A salsa mata o papagaio; as amêndoas são tóxicas para cães; e muitos cogumelos consumidos pelos coelhos são extremamente perigosos para o homem. A morfina que acalma e anestesia os homens, causa uma excitação doentia em cães, gatos e ratos. Como a última etapa das experimentações com animais é sempre a experimentação no homem, freqüentemente as conseqüências são desastrosas.

Os egípcios sabiam das diferenças entre homem e animais. Por isso, para verificar se a comida do faraó continha veneno, davam um pouco de comer ao cozinheiro e não ao gato.

No "teste de amor maternal", uma macaca foi colocada com o filho nos braços, sobre uma plataforma escaldante. Motivo: descobrir se o animal usaria o filho para se salvar ou se sacrificaria para salvar o filho. A macaca deu uma grande lição ao "cientista": se sacrificou para salvar o filho...

Outro sádico inventou de amarrar macacos em troncos e atira-los contra uma parede. Conclusão fantástica: o grau de ferimento é relacionado com a velocidade do veículo. Duzentos macacos tiveram de morrer para provar essa verdade cientificamente.

Diz a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada por líderes de todos os países do mundo, numa Assembléia da UNESCO em Bruxelas no dia 26 de janeiro de 1978, referindo-se às experiências científicas: "A experiência animal que implica sofrimento físico é incompatível com os direitos do animal, quer seja uma experiência médica, científica, comercial, ou qualquer outra. As técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desenvolvidas".

Membros da comunidade científica defendem as experiências em animais porque são feitas pelo bem da humanidade. Por outro lado, as diversas organizações em defesa dos animais dizem que eles são submetidos a experiências das mais dolorosas, de todos os tipos, a maioria delas apenas para satisfazer a curiosidade do pesquisador ou cientista.

Fica a questão crucial de toda essa controvérsia: mesmo que as experiências fossem úteis para o bem da nossa raça, teríamos o direito de atravessar rios de sangue, ignorar atrozes sofrimentos de outros seres para melhorar a própria saúde, não percebendo que desse modo estamos barrando automaticamente o acesso a curas alternativas, mais mansas, humanas e tão eficazes, se não mais?

A revista Newsweek de 16 de janeiro de 89 dedicou seis paginas ao problema da vivissecção sob o título Of pain and progress ( De dor e progresso), questionando a experimentação com animais. Em uma das experiências, feita pelo governo dos EUA, cachorros bigles foram alimentados com pesticidas e expostos à radiatividade até sangrar pela boca e pelo ânus. Psicólogos submeteram vários animais inteligentes ao medo e desespero ou "morte psicológica", tentando analisar esses estados emocionais...

Jane Goodall, primatologista mundialmente conhecida por seu trabalho com chimpanzé na Tanzânia, descreveu no New York Times sua visita , em 1987, aos laboratórios do governo em Rockville, Maryland, EUA, onde são feitas experiências com chimpanzés sobre a AIDS e hepatite. Escreveu Jane: "Nunca esquecerei a expressão nos olhos daquela chimpanzé e de outra fêmea, ainda filhote. Aquela imagem me perseguirá pelo resto de minha vida. Vocês já viram os olhos de uma pessoa que, pressionado além de suas forças, sucumbiu finalmente a um desespero paralisante e total?"

Exemplos desse tipo são inúmeros e os laboratórios brasileiros tampouco ficam atrás: recentemente, uma estudante de medicina em São Paulo, cada vez mais horrorizada pelas experiências com animais a que assistia, "seqüestrou" um dos cachorros, na esperança de salvar a vida do animal. Ela entregou o cachorro aos cuidados da União Internacional Protetora dos animais, mas, apesar dos esforços do veterinário da entidade, o cachorro morreu. A necropsia deu o seguinte resultado:

  1. Características do animal: cachorro, macho, raça indefinida, porte médio, pelagem escura, pêlos semilongos, magro e com cicatrizes a nível da linha média do abdômen e tórax esquerdo.
  2. Achados da necropsia: a) foram notadas aderências entre as alças intestinais e entre estas e o fígado; b) uma hérnia na parede abdominal direita, contendo uma alça intestinal aprisionada; c) o duodeno encontrava-se desunido do seu ponto natural de união com o estômago, estando a luz da extremidade do duodeno obliterada, onde se observou presença de fios de algodão. Constatou-se anastomose entre estômago e intestino, formada pela união das regiões do piloro e porção final de íleo, próximo a junção íleo- ceco cólica; d) não foram encontrados os seguintes órgãos na cavidade abdominal; rim esquerdo, baço e vesícula biliar; e) a nível de cavidade torácica, havia aderência entre pulmão e parede torácica e entre o pulmão e coração. Aqui também pode ser notada a presença de pedaços de fios de algodão a nível do pericárdio e parede torácica esquerda.

A necropsia foi assinada em 4 de janeiro de 89, pelo dr. Ricardo Firmo Neto, médico veterinário.

Num artigo publicado em O Estado de São Paulo de 11 de fevereiro último sobre o novo prédio do Instituto do Coração (Incor), dedicado a "pesquisa pura" e que deverá ser inaugurado em 1991, o diretor da Divisão de Experimentação, Maurício Rocha e Silva, tentou justificar-se pelas experiências em animais. Segundo ele, os vivissectores, entre outras coisas, provocam enfartes nos animais semelhantes aos que ocorrem no homem. O diretor afirmou ainda que as experiências em animais são indispensáveis, repetindo quase textualmente o que disseram os médicos nazistas que usavam como cobaias judeus, ciganos, débeis mentais e em geral todas as pessoas consideradas "inferiores", não arianas... De um animal para o homem é apenas um passo pequeno.

Na verdade, pesquisa pura é qualquer tipo de experiência feita em animais para satisfazer a curiosidade do pesquisador. Não tem limites. Vale tudo.

De acordo com o dr. Bayly, cirurgião inglês e ex- vivissector, "se o grande público soubesse o que está acontecendo nos laboratórios, iria linchar os cientistas".

A atriz de cinema Brigitte Bardot sugeriu que "representantes da imprensa, TV, rádio, acompanhados por membros de grupos que atuam em defesa dos animais, tivessem livre acesso às experiências feitas diariamente nos laboratórios e porões das faculdades de medicina, institutos de biologia, escolas de enfermagem, fábricas de remédios e cosméticos, laboratórios onde são feitos testes nucleares (ou qualquer lugar onde animais são submetidos a experiências) para que depois esses repórteres pudessem relatar apenas a verdade dos fatos".

Pitágoras, o filósofo de Samos, matemático e astrônomo, ensinava o respeito pela vida e proteção dos animais Disse ele: "Enquanto o homem continuar a ser o destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá nem a saúde nem a paz. Enquanto os homens dizimarem os animais, matar-se ao entre si. Quem semeia a morte e a dor não pode com efeito, recolher a alegria e o amor".

Segundo um mestre Hindu os gritos de sofrimento dos animais não param de ressoar nos ouvidos dos homens. "Mas são poucos os que prestam atenção e menos ainda os que agem. Por isso, cuidado, oh! discípulos: se consciência e ciência não andam de mãos dadas, você estará seguindo o caminho do Outro, do Mal , da Escuridão, o caminho do adversário", conclui ele.

(Por Adelaide Trindade e Virgínia Van Prehn, artigo publicado na revista Planeta, edição especial – SOS Natureza em março de 1990 pela Editora Três)

Sempre que alguém diz "não devemos ser sentimentais", entenda-se que está prestes a fazer algo cruel. E se acrescentar: "temos que ser realistas", significa que vai ganhar dinheiro com isso.

(Brigid Brophy)


Esta coluna é atualizada quinzenalmente, às segundas-feiras
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