COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 137 - 21/3/2013
(próxima: 6/4/2013)


          

Crianças Especiais e Encantadoras 

Há dias fui visitar e participar de uma festa, numa clínica onde muitas crianças maravilhosas carregam suas síndromes as mais variadas e são tratadas e acarinhadas com amor fazendo com que cresçam com a auto-estima em progressão. Desde de síndrome de Down até todas as outras maiores ou menores que as tornam uma criança especial.

Entrando aproximei-me de alguém que amo especialmente. Loura, os olhos azuis esverdeados fixando ao longe um ponto indistinto, imagino que queira trazer para seu interior ainda tão infantil, esperanças e  visualize o colorido da felicidade. Minha vontade é abraçá-la e pedir-lhe que nos proteja,  chorando silenciosamente no seu colinho frágil e pequenino. Minha vontade é pedir-lhe fortaleza em minhas fraquezas para que possa ajudá-la. Minha vontade é infundir-lhe um calor tão grande que suas mãozinhas geralmente frias possam aquecer-se. Minha vontade é beijá-la e protegê-la do mundo e da vida, dizendo-lhe que sempre estarei aqui. Mas estaria enganando a mim e a ela. Prometo, então que de onde estiver a amarei sempre. Minha vontade é sempre vê-la sorrir invariavelmente e terei também nos lábios o sorriso úmido da esperança.

Aproximei-me de cada uma das crianças sentindo seus anseios indistintos, vontades não expressas e vigor nas investidas, que começam a manifestar-se de uma maneira  singular e emocionante.E amei-as a todas. Querendo  perscrutar seus mundos diferentes e me envolver com cada uma, levando  ininterruptamente a fé que carrego e canalizo em direção a elas.

Em meio ao barulho dos balões e as guloseimas que usufruíam encantados, percebi o quanto de vida e alegria existiam nos rostinhos inocentes que me fixavam como a pedir que lhes desse as mãos. Transformei-me em um deles, percorrendo os meandros de seus cérebros e querendo ver na densidade semi-obscura dos pensamentos,  a luz que estaria sempre presente  no decorrer confuso da vida.

Tive a convicção da vitória, do desenvolvimento lento, mas progressivo, da alegria que  transparecia, da paz que parecia projetar algo claro e  objetivo, naquele confusos caminhos da mente  ainda não definida.

Sinto então uma mãozinha fria, apesar do corpo completamente agasalhado que buscava  meu calor.  Era a minha pequenina, tão linda sempre sonhando com aquele colorido que a encantava. Dei-lhe a mão e percorremos juntas todo o espaço, que estava cercado por barraquinhas cheias de guloseimas, ou preparado para a “pescaria” de pequenas lembranças.

Enquanto segurava–a com uma das mãos, voltei-me para pegar a mãozinha de outra criança, cujos olhos amendoados, nos traços marcantes da síndrome de Down, só ocorridos pela diferença de um cromossomo, estavam evidentes, e procurei ler dentro de seu olhar a força que carregavam. E então as pequenas pescaram com minha ajuda cada uma a sua prenda.

Vi fascinada enquanto olhavam confusas para o pequeno presente, que a vida se manifestava em cada lembrança que recebessem, com aquele olhar curioso que concentrado por um minuto, apareceu com expressão ligeiramente definida e rápida. Amei aquele instante perpassado tão rápido, que enchia meus olhos de lágrimas abundantes e os das pequeninas de lucidez.

Colunas anteriores:
01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74,
75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136

Colunas de convidados especiais