COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ
O mundo que renasce
Desde novembro luto para ultrapassar um sofrimento imenso, com a doença do meu irmão, que me consome todas as vezes que o vejo sofrendo e tenho consciência do ritmo de nossas vidas. Fico deprimida, embora tente lutar contra essa impressão de fraqueza e inconstância.
No entanto, dia 28 de março tive a alegria imensa de receber minha segunda bisnetinha Kiara nesse mundo e abrir meus braços para esse ser pequenino e lindo, que começa sua vida e que será a continuação dessa família, que construí com muito amor.
E como sempre me perdi em reflexões sobre o mistério do nascimento, algo que sempre me impressionou profundamente. Isso porque nessa hora o bebê está no limiar da vida, não sabendo o que é esse oxigênio que deve lhe dar a sensação do primeiro e inexplicável sofrimento.
Depois disso vem a calma, a percepção indefinida, que está em braços protetores, mas depende da mãe intrinsecamente tal como aconteceu no útero materno quando se desenvolvia lentamente para o nascimento.
Pareceu-me também que ligada àquela criança linda e amada eu estava no lado oposto de sua posição, em termos de vida e experiência. E as lágrimas corriam com essa emoção. Meu marido e eu nos abraçamos chorando justamente porque ali era o ápice de tudo que já plantamos nessa terra abençoada.
É impossível descrever o amor que se desprende de nossas almas tal a intensidade de sua manifestação e frequência com que pensamos no instante mágico de um passado que foi vivido e que nos parece estranhamente distante e ao mesmo tempo tão perto que é quase possível tocarmos nas pessoas que já se foram e se apresentam nítidas na memória como se tivéssemos usufruindo tudo isso agora.
Enquanto escrevo esse texto emocionado meu marido me chamou para apreciar o que enxergamos constantemente, mas não sabemos “vivê-lo”: o sol que de leve transmitia seus raios com a fina chuva que caía, lindo quadro verdadeiro e que um dia a pequena Kiara irá observar com alegria e acreditando na força inquestionável de um Criador.
O mundo está entregue verdadeiramente ás minhas bisnetinhas que se encarregarão, tenho certeza de colher frutos saudáveis para suas estadias nesse planeta em que temos o privilégio de viver e com isso talvez possam curtir uma terra melhor, menos agressiva, mais solidária e muito menos egoísta.
É isso que espero, minha menina, que nasceu há uma semana e já fixa os olhos ao redor como se sentisse verdadeiramente acolhida nessa fase primeira de sua existência. Que Deus a proteja!
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