JOSÉ NÊUMANNE
Jornalista, editorialista do Jornal da Tarde, comentarista da Rádio Jovem Pan e do SBT, poeta e escritor com diversos livros publicados, entre eles: Solos do silêncio – poesia reunida  e O silêncio do delator, agraciado com o Prêmio "Senador José Ermírio de Moraes", da ABL. Leia novo texto de Ronaldo Cagiano na fortuna crítica do autor e conheça a poesia do colunista, cujo CD agora tem opção de download. Site: http://www.neumanne.com

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Respondendo a uma enquete do Jornal da Paraíba

                           Qual a melhor produção do Cinema Novo ou deste cinema de retomada?

Para mim, grande momento do cinema nacional foi quando o Ipojuca Pontes assumiu a presidência da Embrafilme e tirou a verba dos cineastas, porque eu creio que dinheiro do povo não tem que ser dado para se fazer filme.As grandes coisas que eu vi na "Retomada" foram feitas sem verba oficial, por exemplo, "Cinema, Aspirinas e Urubus", que um dos grandes filmes que eu vi na minha vida, que é produzido em condições de muita precariedade. E esse cinema, que tem feito muito sucesso, do Fernando Meirelles, que está fazendo filme no exterior, é cinema independente do "esquemão" do Luis Carlos Barreto, do Carlos Diegues, que vive pendurado na veia do recurso público. Eu acho que o maior injustiçado da cultura brasileira foi o Ipojuca Pontes. Ele foi o primeiro a ter a percepção de que o dinheiro do povo não deveria ser dado para vagabundo comprar wiskhy ou apartamento no Leblon. Por outro lado, na minha opinião, o Cinema Novo é imbatível. Nada se produziu no Brasil que possa ser comparado a "Deus e o Diabo na Terra do Sol", "Terra em Transe" e "Vidas Secas". Nem do ponto de vista do mercado, a Retomada não se compara com a Atlântida. Quando se olha para trás e se percebe, por exemplo, que a Carmem Miranda foi "exportada" para os Estados Unidos e que ela foi uma das maiores contribuintes femininas do imposto de renda lá, não há que se compare a isso hoje. As pessoas perdem a perspectiva do tempo por falta de conhecimento da história. Como movimento mercadológico a Chanchada é muito mais importante do que essa Retomada, como movimento estético o Cinema Novo dá de dez. A Retomada tem bons momentos como o filme "A Pessoa é Para o Que Nasce", do Berliner, e o filme "Central do Brasil" e "Abril Despedaçado", do Walter Salles; o filme "Lavoura Arcaica", do Luis Fernando Carvalho. Mas, não tem nada que se compare com o impacto estético do Cinema Novo.

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