2ª quinzena de novembro - Coluna 100
(Próxima coluna: 3/12)
Em clima de festa, os parabéns de Blocos pela 100ª Coluna!!!
COLUNA Nº 100
Há algum tempo meu cérebro começou a coçar. Por dentro. Como se uma ferida aberta começasse, enfim, a cicatrizar. Coçava no cérebro e se espalhava pelo sangue bombeado, mal alimentado de toxinas antigas, de mágoas passadas, de saudades inexistentes. Tentei me curar da única forma que me recomendam os doutores em pensamentos aflitos: pensando. Pensei, pensei, pensei. Pensei tanto, e a coceira, no entanto, só aumentou. Virou comichão, se espalhou, explodiu em coceiras outras, como uma alergia generalizada ao ato de pensar. São tantas informações ao mesmo tempo; são tantas pessoas clamando quase que em uníssono; são tantas paredes a me sufocar; são tantos pensamentos a me confundir; são tantos sentires a me revolver!...
Por fim, resolvi aliar, ao ato de pensar, o verbo sonhar. Um sonho aqui, uma quimera ali, um devaneio acolá, e eis me aqui, aos pés da tela pálida, tentando casar idéias, divorciar distâncias, enviuvar desesperanças.
E essa coceira? Que ela fique perto, diante das comemorações que teimam em se apresentar.
Coluna de nº 100! Ufa, eu cheguei lá, ou melhor, aqui! Ou, melhor dizendo: eu continuo por aqui, para desespero de alguns e alegrias de outros; para meu absoluto orgulho e nenhuma falsa modéstia (que esta nunca me coube e talvez jamais me caberá!).
Duas vezes ao mês escancaro o peito, adormeço a coceira insistente em me atormentar e me fazer desistir de pensar. Mas penso e, acima do pensar, eu sinto – apesar dos pesares dos pensamentos e de outros tantos pesares que também me cocam e me atormentam –. Sangro meus sentimentos e minhas vivências em coceiras emotivas, daquelas que transbordam pelos brindes da vida, como placebos que acalmam as coceiras do pensar.
Hoje estou emotiva. Uma locomotiva, repleta de vagões de agradecimentos; um trem com vagão restaurante onde mastiguei tanta vida e paguei a conta com meus eus e meus ais.
Há algum tempo meu cérebro começou a coçar. E nunca mais parou. E eu não quero me curar.
Há algum tempo, alguém acreditou em minha escrita, decorrente do meu pensar, fruto dessa coceira, que me causa tanto sentir, tanto ser, tanto vibrar.
Coluna nº 100! Madrinha Leila Míccolis, eu cheguei aqui, aí, lá, ou acolá! Enfim: estou bem no olho desse redemoinho que me faz tanto pensar! Com a sua bênção, vamos assoprar as velinhas? Hoje eu quero apenas comemorar!
Um brinde especial e meu sempre eterno agradecimento à grande mulher, escritora, poeta, guerreira, Leila Míccolis, minha madrinha, e a Urhacy Faustino, por acreditarem, sempre, e tornarem públicos tantos escritores e talentos, bem como pela incansável luta em prol da cultura! Viva Blocos on Line!
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