Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 79
(Próxima: 20/10/2009)


Aventuras e desventuras de Teseu

Teseu era filho de Egeu, rei de Atenas, e antes de se tornar um grande rei viveu muitas aventuras. A mais famosa foi aquela em que matou o Minotauro e escapou do Labirinto onde o monstro habitava. Minos recebeu de Poseidon um magnífico touro e o guardou, em vez de sacrificá-lo. Enfurecido, Poseidon pediu à Afrodite que inspirasse na esposa do rei uma paixão pelo touro. Pasífae pediu ao arquiteto Dédalo que fizesse uma vaca oca de madeira para que ela entrasse e consumasse seu desejo. Dessa união nasceu o Minotauro, com cabeça de touro e corpo de homem. Minos encarregou Dédalo da construção do Labirinto onde foi colocado o monstro.

O Minotauro se alimentava de carne humana, enviada por Atenas como pagamento de um tributo, pois anos atrás Minos vencera uma guerra contra a cidade.  A cota era sete rapazes e sete moças. O tributo somente cessaria quando o Minotauro morresse. Decidido a livrar Atenas desse fardo, Teseu resolveu ir a Creta como um dos jovens destinados ao sacrifício. Egeu combinou com o filho que, se ele voltasse são e salvo, deveria trocar a vela negra do navio por uma branca; dessa forma, quando avistasse a embarcação, saberia que o filho estava vivo.

Em Creta, a princesa Ariadne se apaixonou por Teseu, que recebeu da amada um novelo de lã para marcar o caminho de volta do Labirinto. Após matar o monstro e sair vitorioso, Teseu deixou a ilha e levou Ariadne consigo. No caminho para Atenas, pararam na ilha de Naxos. Uma versão diz que Teseu esqueceu Ariadne, outra que ele a abandonou de propósito na ilha. Ariadne foi encontrada pelo deus Dioniso.

Quando se aproximava de Atenas, Teseu esqueceu de trocar a vela negra pela branca, como prometeu ao pai. Egeu todos os dias observava as ondas esperando avistar o navio com a vela branca, mas quando este apareceu, estava com a vela que indicava luto. Imaginando o filho morto, o rei se jogou ao mar. Por isso, o mar que banha a Grécia se chama mar Egeu.

Teseu assumiu o reinado e fez maravilhas, como unificar os povos da Ática, adotar o uso da moeda, criar o Senado e instituir leis sábias que ajudaram a instaurar a base da democracia. Após cumprir importantes tarefas, o herói voltou às aventuras. Lutou contra as Amazonas e se uniu à rainha delas, Antíope. Em outra versão, foi com Hipólita. Em outra variante, as Amazonas invadiram Atenas depois Teseu deixou Antíope por Fedra. O fato é que com uma das Amazonas Teseu foi pai de Hipólito, antes de casar com Fedra, irmã de Ariadne.

Hipólito cultuava Ártemis, o que desagradou a Afrodite. A deusa da beleza ficou furiosa e fez com que Fedra se apaixonasse pelo enteado. Mas Hipólito, por servir à Ártemis, não se interessava pelo feminino, o que deixou Fedra muito irritada. Quando Hipólito a recusou, ela se enforcou e deixou uma carta acusando-o falsamente. Teseu expulsou o filho de casa e convocou a punição de Poseidon. Quando Hipólito estava no litoral, Poseidon enviou uma monstro marinho que espantou seus cavalos. Hipólito morreu e Teseu soube a verdade depois. Em outra versão, Fedra se enforcou depois da morte de Hipólito.

Teseu também tentou raptar Helena de Tróia. E desceu ao Hades com o amigo Pirítoo para tentar raptar Perséfone, esposa do Senhor do reino subterrâneo. Os amigos foram convidados para um banquete e ficaram presos nos assentos. Hércules foi socorrê-los, mas só lhe foi permitido levar Teseu, Pirítoo ficou preso na cadeira do esquecimento. Hércules era amigo de Teseu, que não deixou o herói suicidar-se após ter matado a família num ato de loucura. Na época, Teseu o levou para Atenas e o ajudou a se recuperar.

Depois de um tempo, quando voltou a Atenas, Teseu encontrou a cidade em meio a lutas internas, pois os cidadãos o julgavam morto. Desistiu do poder e se exilou em uma ilha. As lendas contam que, mesmo depois de morto, o eidolon (a alma sem corpo) do inesquecível rei ajudou os atenienses na batalha de Maratona, quando expulsaram os persas. 


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