2ª quinzena de maio de 2008 - Coluna 108
(Próxima coluna: 18/05)

Escrita e Responsabilidade

Essa história de ter que ser necessariamente jornalista pra escrever em jornais, atuar em meios de comunicação, nunca me convenceu. Mas, após ler uma crônica esta manhã, deparei-me com a supremacia de tal requisito, pois o autor do referido texto foi de total irresponsabilidade, incorrendo em erro de poder, inclusive, acarretar um processo a quem o publicou. Por mais que sejamos oponentes às idéias de outrem, dar-se o direito de render-lhe adjetivos pejorativos, não justifica e não dignifica texto algum. Ao contrário: é de uma covardia literária sem tamanho. Beira aos atos dos maiores covardes da história, dos opressores, dos repressores, dos que atiram pelas costas.

Grandes autores do passado já se digladiaram através de livros, de crônicas, de poesia, de diversos modos, enfim, sem, contudo, render-lhe facadas traiçoeiras ou estenderem em letras seus nominhos próprios inteiros, ou, sequer, trataram de invencionices por simples capricho ou polimento do ego.

Ética e responsabilidade profissional são de extrema importância, quando autores se propõem a disseminar seus textos através de meios de comunicação que pertençam a outrem.

E, da mesma forma, o autor deve estar preparado pro rebate. Cabe a pergunta: o editor foi avisado de tal perigo? Estará ele preparado para arcar com tamanha responsabilidade?

Tenho meus desafetos, por certo, mas jamais lhes exemplificaria os nominhos próprios, por uma simples questão de ética, responsabilidade e inteligência. Sim, pois a inteligência permite que se identifiquem alvos de textos, sem, contudo, termos que colocar seus nomes próprios e atividades por extenso.

O mau gosto é deselegante, e jamais acompanha um texto de qualidade literária ou jornalística. Um pouco mais sobre ética, um pouco mais de responsabilidade, pra que pessoas queridas não sejam expostas ao ridículo e o criticado não se eleve ao patamar de herói.