Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 82
(Próxima: 5/12/2009)


O herói Jasão

Jasão era filho de Esão, rei da Tessália, mas não ocupou logo o trono, pois havia sido tomado pelo irmão do rei, Pélias. Assim que Jasão nasceu, Pélias mandou matá-lo, mas ele foi salvo pelos pais, que o entregaram a Quíron. O centauro educou Jasão até os 20 anos, época em que Pélias organizou uma festa. Jasão resolveu aparecer na festa e, para chegar lá, atravessou a nado um rio e perdeu uma das sandálias, o que fez o tio se lembrar de uma profecia sobre um estrangeiro descalço que seria seu inimigo mortal.

Pélias reconheceu Jasão e, para evitar perder o trono, deu ao sobrinho uma tarefa considerada impossível: ele deveria capturar o Velocino de Ouro, só então seria rei.  O Velocino pertencia ao carneiro que salvou os filhos de Átamas de serem sacrificados sob as ordens da madrasta. O carneiro voador foi enviado por Zeus e levou as crianças nas costas. Ao passar pelo canal que separa a Europa da Ásia, Hele caiu do carneiro, daí o nome do mar, Helesponto. Frixo continuou o voo e desceu na Cólquida, onde sacrificou o carneiro a Zeus e entregou o velo (a pele do carneiro) ao rei, que o consagrou ao deus Ares em um bosque com guardião.

Para ir à Cólquida, Jasão organizou uma expedição no navio chamado Argos. Acompanhado dos Argonautas, seus marinheiros, seguiu em perigosa viagem. Entre os Argonautas havia heróis e personagens conhecidos, como Orfeu; os gêmeos Cástor e Pólux ; Peleu, pai de Aquiles, e até Hércules, em alguma parte da jornada. Quando chegaram à Cólquida, Eetes concordou em ceder o tesouro a Jasão se ele cumprisse algumas provas: arar a terra com touros de narinas fumegantes e fazê-los lavrar um terreno para semear os dentes do dragão morto por Cadmo. Dos dragões nasceriam gigantes que Jasão deveria vencer, e ainda eliminar o dragão que guardava o Velocino.

A missão era impossível para um mortal, mas Jasão contou com a ajuda de Medéia, filha de Eetes, que se apaixonara por ele. Medéia era uma feiticeira famosa, neta de Hélio, o deus-Sol, e sobrinha da feiticeira Circe. Com sua feitiçaria, Medéia ajudou no cumprimento das tarefas: deu a Jasão um bálsamo para tornar seu corpo invulnerável, também o orientou a atirar pedras no meio dos gigantes, de modo que se atacassem entre si e se matassem aos poucos. A seguir, Medéia adormeceu o guardião com seus encantamentos, e Jasão o matou.

Eetes não cumpriu a promessa de ceder o Velo e pretendia destruir os Argonautas e a embarcação. Medéia contou a Jasão sobre os planos do pai e eles furgiram, levando o outro filho de Eetes como refém. O rei enviou os seus soldados, mas Medéia matou e esquartejou o próprio irmão e o jogou aos pedaços no mar. A perseguição parou depois que o rei tentou recuperar os restos mortais do filho para sepultá-lo.

Quando Jasão retornou, Pélias se negou a entregar o trono. Medéia tramou o assassinato do rei pelas próprias filhas. Misturou substâncias em um caldeirão de água fervente e demonstrou seus poderes de rejuvenescimento matando um velho carneiro e cozinhando no caldeirão, fazendo surgir um jovem carneiro. Entusiasmadas, as filhas se apressaram em cortar o pai em pedaços. Mas Pélias não rejuvenesceu nem ressuscitou... Jasão e Medéia fugiram para Corinto.

O casal teve dois filhos, antes de Jasão abandonar Medéia para se casar com Creusa, filha do rei Creonte. Medéia foi expulsa de Corinto, pois o rei temia a sua magia. Enquanto se preparava para partir, Medéia assassinou Creonte e a filha, depois os próprios filhos, para se vingar de Jasão, deixando para ele a maldição de morrer de forma violenta. Segundo uma versão, a profecia se cumpriu quando Jasão, anos depois, ao inspecionar uma manutenção na embarcação, morreu sob o peso de uma viga que despencara na sua cabeça.

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