Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta  Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.

  Coluna 132

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot


"Primeiro ignoram-te, depois riem de ti, a seguir tentam combater-te, até que por fim tu vences!"
Gandhi

"Em assuntos de consciência, a lei da maioria não tem qualquer lugar”.
Gandhi

"Quando me tornei vegetariano, poupei dois seres: o outro e eu”.
Professor Hermógenes


POR UM NATAL E ANO NOVO SEM ANIMAIS MORTOS NO SEU PRATO. SE VAMOS FESTEJAR A VIDA, PORQUE ESTAMOS COMENDO ANIMAIS QUE FORAM ASSASSINADOS GRATUITAMENTE? NÃO SOA UM TANTO INCOERENTE, FALAR EM PAZ E EM VIDA, EM NASCIMENTO DE JESUS, SE OS ANIMAIS ESTÃO SENDO ABATIDOS PARA SATISFAZER UM COSTUME, UM HÁBITO, UM GÔSTO, UMA CULTURA? SEMPRE CONSEGUIMOS TUDO QUE DESEJAMOS FAZER. ESTAMOS DOENTES, NOSSA ALIMENTAÇÃO FOI TRANSFORMADA EM VÍCIO, QUANDO DEVERIA SER COLORIDA, CHEIROSA, GOSTOSA, PACÍFICA E MUITO MAIS SAUDÁVEL. REFLITAM.


Retirado de um ótimo site, de utilidade pública:
http://www.direitosanimais.org

Perguntas e respostas. Existirão contra argumentos? Difícil, não?

— Como vocês podem falar em nome dos animais? Como vocês podem afirmar saber o que eles querem ou deixam de querer?

De fato, nós não conhecemos as preferências de ninguém. Nós não sabemos se você gosta de rock, axé ou música gospel. Mas sabemos que não deseja ser dominado por ninguém, e que isso você não troca por nada. Sabemos disso mesmo sem conhecê-lo e o sabemos por você ser um ser senciente. Não faria sentido que alguém dotado da capacidade de sentir dor não prezasse a própria vida. E não faria sentido que alguém que preza a própria vida admitisse sem qualquer problema que sua vida fosse entregue a outro, que pudesse fazer com ela o que quisesse.


— Serão só os sencientes os carregadores do direito de não ser considerado propriedade?

E quem possui o direito de não ser propriedade? Vimos que todo ser senciente possui esse direito. E quanto aos não-sencientes? É um tanto ilógico imaginar que o processo evolucionário tivesse privado um ser que preza a própria vida de um mecanismo básico de preservação da mesma, como a capacidade de sentir dor. Assim, é bastante natural enxergarmos seres sencientes como os únicos que prezam sua própria vida, logo os únicos que carregam o direito moral de não serem considerados propriedade.


Plantas não prezam a própria vida? Se prezam, isso quer dizer que as pessoas têm que ser não só vegetarianas, mas frugívoras?

Nada indica que plantas sejam sencientes. Como elas não possuem sistema nervoso, seria necessária uma explicação metafísica para dar conta de seu potencial de sentir dor. Mas isso não tem nada a ver com o que é um fato consumado: animais são seres sencientes. Administra-se anestesia a cães antes de uma cirurgia – mas não se administra anestesia a plantas antes de uma poda. Não há estudos científicos que tentam comprovar a senciência das plantas.


Existem animais não-sencientes? Existem indivíduos que não são animais, mas são sencientes?

Esponjas são classificadas como animais, mas não são sencientes, pois assim como plantas, não possuem nenhum resquício de sistema nervoso. Não há relato de seres que não são classificados como animais, mas são sencientes. De qualquer jeito, para os animais que exploramos cotidianamente, não há qualquer dúvida de que são sencientes, e que conseqüentemente é nosso dever respeitá-los.


Insetos são sencientes? Como isso afeta a prática do veganismo?

Sim. Insetos claramente prezam sua própria vida, e devem ser respeitados por nós. Isso significa, por exemplo, que não devemos roubar a comida que as abelhas fabricam para sua comunidade, o mel. Ou que podemos evitar as baratas que porventura surjam em casa simplesmente as cobrindo com uma lata, passando uma folha de papel embaixo, e liberando-as fora de casa. Quanto às formigas que andam na rua, é lamentável mas inevitável que acabemos matando algumas. Só não precisamos pisoteá-las de maneira intencional. Não é porque não conseguimos fazer tudo, que não vamos fazer o que está absolutamente ao nosso alcance.
 

As pragas das lavouras não prezam a própria vida? E aí, como fica?

Sim! Se essa é a sua preocupação, você pode tentar priorizar frutas, verduras, legumes e tubérculos produzidos sem inseticidas (orgânicos), e de preferência, em uma fazenda de alguém que respeita os animais. Os fazendeiros, se quiserem, podem fazer uso de espantalhos, homeopatia, barreiras físicas, usar repelentes sonoros, e também podem fazer rotação e planejamento agroecológico das suas culturas como medida preventiva para que outros animais não se fixem ali e se aproveitem de sua produção. É impossível reduzir o número desses animais a zero – mas isso tampouco é necessário. Também seria interessante se as ferramentas desses fazendeiros fossem desenhadas para não matar minhocas. E, mais importante, que o adubo não contenha esterco. Se você conhece um produtor com essa preocupação, por favor, nos avise! O produtor, ou mesmo você que queira praticar horta urbana no seu quintal pode encontrar recomendações e critérios para uma lavoura vegana orgânica em www.veganorganic.net.


Vocês dizem que o problema todo é que enxergamos os animais como nossa propriedade, de modo que os humanos podem fazer virtualmente qualquer coisa com os não-humanos. Mas e quanto aos animais na natureza, estes também são nossa propriedade?

Sim. E por dois motivos. Um deles é que eles pertencem ao governo (humano, claro) do país em que se encontram. O governo pode mandar que qualquer coisa seja feita ou deixada de fazer com eles. O segundo motivo é que a primeira pessoa que conseguir dominá-los será considerada sua proprietária. É assim, por exemplo, com a caça e pesca esportiva. Se queremos reconhecer o direito mais básico dos outros – o direito de não serem considerados nossa propriedade – nós temos que simplesmente deixá-los em paz, deixá-los viver a sua vida naturalmente, de acordo com as preferências deles mesmos.

Se nós não explorássemos os animais, possivelmente eles sequer existiriam. Por exemplo, se todas as pessoas do mundo virarem veganas, bois e cachorros bem provavelmente entrarão em extinção. Isso não será uma maldade que fazemos com eles?

Você está com razão ao dizer que as espécies domesticadas pelo ser humano (caso dos cachorros domesticados) não têm uma função na natureza. Sua extinção não desequilibrará o meio ambiente, já que eles já hoje não estão na natureza (com exceção de um ou outro touro selvagem). Em segundo lugar, é bom lembrar que espécies não têm direitos. Só pode ter direito um ente que possui um interesse a ser protegido por tal direito. E só têm interesses os indivíduos, não as espécies. Assim, não se pode falar em maldade. Em terceiro, lembremos que o mundo vai se tornando vegano aos poucos, cada vez que uma pessoa decide se tornar vegana. À medida que isso acontece, a oferta de produtos animais também vai diminuindo, e menos escravos vão sendo trazidos à existência. Mas, num caso absurdo em que todos os não-veganos do mundo num belo dia tivessem um despertar de consciência e decidissem se tornar veganos ao mesmo tempo, teríamos que cuidar de todos os bois e cachorros já existentes para que tivessem uma vida digna até que morressem. Alguns animais possivelmente ainda poderiam ser reintroduzidos na natureza, outros não. Mas o que lhes importa não é se sua espécie entrará ou não em “extinção”, mas sim se eles mesmos continuarão existindo para satisfazer aos outros ou se suas preferências começarão a ser levadas em conta. Aliás, cuidado para não cair no engodo da extinção! Este termo foi inventado por ambientalistas para limitar nossa exploração de alguns animais, para não comprometer o “direito natural” de nossos filhos de se aproveitar daquela espécie como nós nos aproveitamos. Para eles, o que importa é o número de exemplares da espécie, não cada indivíduo dela. A porção de animais domesticados ficará extremamente reduzida, e alguns provavelmente se dirão preocupados com sua extinção. Mas é bom notar, em primeiro lugar, que animais que foram afastados da natureza (caso dos bovinos) e aqueles que nunca tiveram natureza foram manipulados pelo ser humano.

Eu concordo que devemos evitar o uso de animais, mas às vezes esse uso é tradicional dentro de uma cultura. O que é pior, sacrificar uma galinha ou sacrificar uma cultura?

Sacrificar uma galinha. Os hábitos da humanidade têm que evoluir à medida que sua moralidade evolui. Se somos contra matar galinhas, não as matemos. Nós temos que incorporar, e não moldar, nossos princípios à nossa cultura. bom lembrar que a cultura não é estática, é dinâmica.


Mas e quanto a culturas que ainda vivem de caça e pesca, como esquimós e índios? Elas devem ser orientadas para abolirem as práticas envolvendo animais?

A resposta da pergunta anterior vale para todos igualmente, mas devemos pensar primeiro no que nós devemos fazer, para depois pensar no que os outros podem fazer. Mas sem dúvida, a exploração de animais, assim como de mulheres ou de prisioneiros de guerra não pode ser justificada com frases como “Sempre foi assim”. Podemos chegar num momento onde seja necessário o diálogo entre culturas, mas isso não tem nada a ver com imposição cultural.


Já ouvi dizer que, nos primórdios, nosso cérebro evoluiu graças a nossa alimentação onívora. Será que eliminarmos a carne do cardápio neste estágio não vá implicar numa involução da nossa espécie, no longo prazo?

É impossível comprovar a teoria de que comer carne desenvolveu nosso encéfalo (cérebro). Como dizer que não foi a necessidade de inventarmos novas armas, planos para capturar animais para comermos ou até a escravidão humana que o desenvolveu? Mas mesmo se acreditássemos nessa teoria: não, não podemos dizer que se o ser humano virar vegetariano ele ou seus descendentes podem ficar menos inteligentes, ademais não podemos justificar a escravidão apenas porque produziu algum progresso para a humanidade. Como explicado em uma pitada de nutrição, hoje é possível obter facilmente todos os nutrientes de que precisamos a partir de uma dieta vegetariana – mas era bem menos fácil na pré-história.


É dificílimo eliminar por completo da minha lista de compras produtos de empresas que fazem testes em animais. Isso significa que não posso me considerar vegana, ou pelo menos não 100%?

Não! Ser vegano significa buscar não colaborar com a escravidão – não conseguimos fazer isso em 100% das situações, mas isso não nos torna menos veganos. O importante é nos esforçarmos e termos clareza das implicações de tudo o que consumimos, e sempre buscarmos melhorias. Em geral, aprendemos bastante com outros veganos e veganas, mesmo aqueles que se tornaram veganos há menos tempo do que nós. Às vezes eles podem conhecer um substituto mais ético para um produto que consumimos, que nós não conhecemos. Temos que estar sempre de olhos bem abertos.

 

É impossível ser vegano 100% do tempo. Ouvi dizer que até na borracha do pneu do ônibus que eu tomo vai gelatina.

Quando tivermos uma parcela razoável da população vegana, será mais fácil colocarmos sobre a mesa estas questões. E as empresas nos entenderão, e algumas quererão mudar conosco, caso contrário perderão um grande mercado. Como somos ainda minoria, temos que unir nossos esforços para que o veganismo cresça e junto com ele os direitos animais. E lembre-se: não poder fazer tudo não é desculpa para não fazer nada


— Se algum dia eu for atropelado, devo pesar igualmente os meus interesses e os interesses dos animais que foram torturados para a fabricação das drogas que vão me aplicar no hospital, e recusar o tratamento, e simplesmente morrer? Até onde deve ir o nosso respeito pelos outros?

É absolutamente compreensível que, no caso de conflito de interesses fundamentais de outro ser (seja não-humano ou humano) com os seus, você priorize os seus. É bom que você esteja guardando essas situações para verdadeiros casos de conflitos de interesses fundamentais, e entenda que, como o seu interesse nessa questão não gera um direito contra o animal que foi usado, enquanto ele tem o direito de não ser usado para que você seja curado, a situação mais ética aconteceria se ele não tivesse sido usado para iniciar os testes da droga que irá te salvar. Por outro lado, como explicamos em “o que precisamos fazer?” Nós não podemos mudar o passado, apenas o futuro. Isto é, não há nenhuma incoerência em, ao mesmo tempo, aceitar o medicamento que vai aliviar nossa dor, preservar nossa vida e lutar para que cessem já os testes em animais. Principalmente se isso vier acompanhado de um razoável cuidado com a saúde, pois essa é a melhor maneira de se evitar o uso dos remédios.

Vocês devem saber que nem todos acreditam em direitos. Para alguns filósofos morais, o que importa é apenas a minimização da dor em todos aqueles que podem senti-la. O que vocês têm a dizer sobre isso?

É claro que menos dor é melhor do que mais dor, qualquer um sabe disso. Se as questões concernentes à nossa relação com os demais animais não envolvessem interesses de outra dimensão que o interesse em não sentir dor, nós realmente não precisaríamos falar de direitos, apenas de maximização de bem-estar. Mas esse não é o caso, como explicado em “o que são direitos animais?”. Sob uma ótica utilitarista (uma que desconsidere direitos, por considerar que todos os interesses são comensuráveis), diversas violações abomináveis de direitos podem ser justificadas, não só entre humanos e não-humanos, mas também entre humanos e humanos. Não podemos aceitar que o utilitarismo seja a matriz ética da nossa sociedade.

Às vezes vemos pessoas e grupos que se dizem defensores dos animais, mas não os vemos procurando romper com esse paradigma da propriedade, apenas buscando regulamentar como os animais podem ser explorados por nós. Isso não vai contra toda a teoria de vocês, de respeito pelos animais?

Sim. Esses “defensores dos animais” não questionam o uso em si dos animais, mas qualificam usos específicos, e são na verdade tudo com que poderia sonhar o explorador. Nada melhor que pessoas e grupos posando de defensores dos animais colocando para a sociedade que existe uma maneira errada (e conseqüentemente uma certa) de usarmos os animais. Essa é a maneira mais segura de garantir que a escravidão continue para sempre. Basta ir fazendo pequenos ajustes de tempos em tempos na exploração, para que as pessoas sempre renovem sua percepção de que ela é natural e moral.

 

Eu concordo com vocês que devemos respeitar os animais, mas minha situação financeira não acomoda bem o vegetarianismo. O que fazer?

Se sua situação financeira não acomoda bem o vegetarianismo, ela também não deve acomodar bem o onivorismo. Ou talvez você ainda não tenha se dado conta de como é fácil e barato ser vegetariano. Quando uma pessoa se torna vegetariana, ela começa a descobrir todas as gostosuras que estava perdendo quando era onívora. Mas nenhum vegetariano é obrigado a comer carne de soja, tofu, ou alimentos vegetais exóticos. A porção vegana da culinária brasileira pode ser barata e é riquíssima, como você pode ver em “uma pitada de nutrição”.

 

Eu como na rua quase todo dia, assim ficando quase impossível de eu não comer produtos de origem animal. Alguma dica?

É muito fácil encontrar restaurantes por quilo não-vegetarianos em que vegetarianos possam se deliciar. A primeira pergunta costuma ser se o feijão leva carne e não foi feito com gordura de porco. Se eles te assegurarem que não leva carne, não foi cozido com carne, não leva caldo de carne (e lembre a eles que bacon, por exemplo, é um tipo de carne), você deve estar num lugar confiável. Mas não tenha medo de perguntar quando houver dúvida. Às vezes alguma coisa pode levar manteiga ou ovo e não aparentar. O importante é sentir confiança nas respostas dos funcionários e funcionárias da casa.

 

Animais matam animais na natureza, essa é a ordem natural das coisas. Por que vocês querem romper com isso? Por acaso vocês também propõem ao leão parar de explorar a leoa e de comer a zebra?

Os animais não-humanos não fazem julgamentos éticos, pelo menos não como nós entendemos. Os animais praticam entre si o infanticídio e o estupro e nem por isso praticamos esses atos com justificativas “naturais”. Também não há qualquer lógica em se justificar um erro, porque este é uma prática já comum. Assim não é justificável matar, simplesmente porque muitas outras pessoas matam umas as outras. Como colocamos em “o que precisamos fazer?” o fato de que as pessoas podem ser vegetarianas sem qualquer prejuízo à sua saúde é fundamental para que o vegetarianismo seja considerado a prática alimentar do vegano, aquele que respeita os animais. Um leão não pode ser vegetariano na natureza, pois alguns dos aminoácidos que lhe são essenciais que eles próprios não produzem não são obtidos a partir dos vegetais.

 

Estou de acordo em que os animais tenham direito a um bom tratamento, mas acho absurda a idéia de vocês de que não devamos sequer tratá-los. Eu mesmo crio alguns animais, e posso lhes assegurar que eles têm uma ótima vida.

Qualquer criação de animais não-humanos, seja ou não voltada para o comércio, tem como motivação única o bem-estar de algum humano. Não há nada pior que domesticar um animal. Se o ser humano resolveu se separar da natureza e viver numa selva de pedra, tudo bem – mas não é nada claro porque outros animais também têm que fazer isso. Deixemo-los livres de uma vez por todas – não forçando sua procriação para que suas crias sirvam algum interesse nosso. É lógico que é melhor sermos senhores de escravos bonzinhos do que senhores de escravos vis – mas mesmo nesta situação não deixamos de ser senhores de escravos.


E quanto a ter animais domésticos, isso é errado?

A existência de animais “domésticos” sem dúvida é um grande problema. Não importa o quão bem nós os tratamos, eles sempre estarão limitados por nossas vontades. Diferentemente das crianças humanas, eles sempre comerão na hora em que nós quisermos, farão suas necessidades na hora em que nós quisermos, sairão para passear (no caso de cães) na hora em que nós quisermos. Sem exceção, sejam cães, gatos, pássaros ou peixes, ou sua liberdade lhes foi roubada (no caso em que eles foram capturados de um ambiente natural), ou a liberdade de seus pais foi roubada (no caso em que eles nasceram em cativeiro). E não temos que continuar dando nosso dinheiro a gente que faz uma barbaridade dessas, tirar animais da natureza e/ou criar animais. Por isso não devemos comprar animais. Mas é lógico, quando adotamos um animal abandonado, não estamos dando nenhum suporte à escravidão, e estamos nos comprometendo a dar uma vida o mais decente possível àquele animal que já é dependente – isso é excelente. E é claro, se for adotar, não deixe de castrá-lo, só assim podemos frear a domesticação e a escravidão de mais animais.


A carne que eu compro é de um bicho que já foi explorado e morto. Não fui eu quem o escravizou e matou! Eu não tenho nenhuma responsabilidade sobre isso, ninguém me perguntou se eu queria isso. Eu mesma jamais o exploraria. Assim, não sou eu quem tem de mudar, mas sim os exploradores!

Na verdade, a responsabilidade maior deve recair sobre os consumidores, e não sobre os produtores. Eles são apenas os executores do crime moral – nós somos os mandantes. Eles só exploram animais porque é o que precisa ser feito se nós queremos continuar tendo a possibilidade de ter animais “de estimação”, queijos-quentes ou gravatas de seda. No momento em que nós não quisermos mais essas coisas e quisermos outros produtos que não envolvem desrespeito, gradualmente ocorrerá um deslocamento do setor escravocrata para setores não-escravocratas, ou mesmo uma mudança dentro do setor até então escravocrata (grandes cadeias de alimentos a base de carne animal no Brasil hoje possuem linhas a base de carne de soja).

 

O que cada um come é uma opção pessoal. Vocês não têm o direito de me dizer o que devo fazer e o que não devo comer! 

Verdade. Nós não queremos dizer o que você deve e o que não deve comer. Mas se você concorda conosco que nenhum de nós possui o direito de escravizar ninguém, e se você não quer ser incoerente, é claro que você não pode comprar ou usar apenas alimentos de origem animal (estes necessariamente vêm da escravidão). Você pode ver algumas sugestões do que um vegetariano e vegetariana brasileira podem comer em “uma pitada de nutrição” – mas não passam de sugestões.


Receitas para as festas:

Fonte: http://www.centrovegetariano.org 


Bacalhoada Vegetariana

Ingredientes:

600g batatas
margarina vegana
250 g seitan
1 cebola
3 tomates
1 pimenta
1 vidro de leite de coco

Preparação:

Lave bem as batatas com a casca. Corte em rodelas e cozinhe. Retire a casca e unte uma forma com um pouco de margarina. Forre a forma com as batatas cozidas. Coloque seitan em fatias finas por cima da batata.
Num tacho, coloque um fio de azeite e faça um molho com a cebola em rodelas, tomate picado e pimenta. Após apurar o molho de tomate acrescente o leite de coco. Coloque o molho sobre o conteúdo da forma. Leve ao forno até dourar. Sirva com couve cozida ou outros legumes.
Um ótimo prato para, na ceia de Natal, substituir o tradicional bacalhau cozido com batatas e couves.

 

Rabanadas veganas

Ingredientes:

fatias de pão
açúcar q.b.
cravinho
canela
leite de soja q.b.

Preparação:

Faça uma calda de açúcar, água, cravinho e canela. Molhe o pão no leite de soja, esprema e coloque na calda em fogo brando.
Deixe cerca de três minutos e vá retirando e colocando num escorredor para retirar o excesso da calda.
Coloque num pirex e vá polvilhando com canela.
Se preferir, sirva depois de colocar na geladeira.

 

Caviar de beringelas

Ingredientes:

6 berinjelas
6 cebolas brancas
1 dente de alho
8 colheres de sopa de azeite
suco de 2 limões
2 colheres de sopa de salsa picada
sal q.b
pimenta q.b

Preparação:

Aqueça o forno 10 minutos. Durante esse tempo, lave e seque as berinjelas. Faça nelas alguns cortes com a ponta da faca. Coloque-as sobra a grelha do forno e deixe cozinhar cerca de 30 minutos. Quando estiverem bem cozidas, a sua polpa deve estar mole e despregar-se facilmente da pele. Abra as berinjelas em duas metades no sentido longitudinal e retire a polpa com a ajuda de uma colher. Retire as cascas.
Depois descasque e pique as cebolas e o alho. Junte-os à polpa da berinjela, assim como o azeite, o suco do limão, a salsa, o sal e a pimenta. Reduza tudo a um purê com a ajuda de uma picadora. Coloque num prato, cobra com uma folha de plástico e conserve na geladeira. Sirva fresco sobre torradas ou como entrada fria sobre uma camada de salada.

Ceia de tofu

Ingredientes:

1Kg de batatas pequenas
2 cebolas médias
2 couves de tamanho médio
500 g de tofu
5 dentes de alho
3 colheres de molho de soja (shoyo)
um raminho de salsa
azeite
vinagre

Preparação:

Ponha para marinar o tofu cortado em tiras com dois dentes de alho picados, o molho de soja e um pouco de azeite, durante 2 ou 3 horas.
Lave bem as batatas e as cebolas e asse no forno com a casca. Enquanto isto, cozinhe as couves e grelhe o tofu. Quando as couves estiverem quase cozidas, salteie-as num pouco de azeite e com os restantes alhos picados.
Quando as batatas estiverem prontas, soque-as de forma a fazer as típicas batatas socadas, e coloque-as numa taça. Em seguida descasque e corte em lascas a cebola e junte às batatas. Adicione também a salsa picada, azeite e vinagre. Tampe e deixe repousar.
Por cima do tofu coloque um fio de azeite e salsa picada.
No prato, sirva um pouco de cada iguaria (couves salteadas, batatas socadas e tofu grelhado).

Este prato é uma boa alternativa ao bacalhau cozido com couves e batatas, que tradicionalmente se come na véspera de Natal.

 

Tronco de Natal

Ingredientes:

500 g de castanhas
1 copo de leite de soja
150 g de chocolate escuro
100 g de açúcar em pó
100 g de margarina de soja

Preparação:

Com a ajuda de uma faca faça dois talhos nas castanhas e ferva-as durante cinco minutos. Escorra a água e retire a casca das castanhas. Numa caçarola coloque o leite de soja, o açúcar e depois as castanhas descascadas. Deixe cozinhar em fogo brando durante 30 minutos.
Passe o conteúdo da caçarola num passe-vite a fim de reduzir as castanhas a puré e depois misture a margarina de soja. Em fogo brando, derreta o chocolate com duas colheres de água.
Envolva o preparado das castanhas com o chocolate e misture delicadamente, até obter uma mistura homogênea. Coloque a mistura sobre uma folha de papel de alumínio e depois dobre em dois e levante as pontas para formar um rolo. Para reforçar o rolo, envolva a folha de alumínio com uma folha de cartão.
Coloque na geladeira durante 5 horas. Quando o tronco estiver duro, retire o alumínio e deixe à temperatura ambiente uma hora antes de servir.
Decore o tronco de Natal com objetos alusivos à época.

Curiosidade:
O tronco de Natal é uma sobremesa típica de França. Representa o tronco de madeira que se queima na chaminé durante a noite de Natal. A origem da sobremesa é o tronco que antigamente se procurava nos bosques, na véspera de Natal, e que se colocava no centro da chaminé. Este ritual tinha um significado particular: o fogo da madeira destinava-se a agradecer ao sol, tão vital no Inverno.


Esta coluna é atualizada mensalmente, dia 19.
Próxima: 19/1/2008

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