Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 90
(Próxima: 20/4/2010)

Atena e Erictônio

Além da Troia descrita pelo poeta Homero, Atena era cultuada em toda a Grécia e protegia cidades como Argos, Esparta e Larissa. A deusa disputou com Poseidon a proteção à cidade de Atenas; o deus deu um cavalo, mas ela venceu ao dar a oliveira que produzia óleo e alimentos. A cidade levou seu nome e abrigou seu santuário mais famoso, o Partenon, templo erguido no Período Clássico com relevos e esculturas, especialmente uma estátua da deusa em ouro e marfim. A estátua sumiu, mas o templo ainda resiste nas ruínas.

Atena era virgem, palavra que em grego se diz ‘parthénos', daí o nome Partenon, casa da deusa virgem, usado para designar o templo. E assim era Atena, virgem e independente em relação aos namoros e casamentos. Ela não teve filhos, mas chamava a Erictônio seu filho, embora a concepção não tenha sido “natural”. Quando Atena visitou a forja de Hefestos, o deus ferreiro, com o intuito de encomendar armas, ele começou a cortejá-la. Hefestos andava infeliz, pois Afrodite, a bela esposa do deus, o traiu com Ares, deus da guerra. 

Ignorando a rejeição, Hefestos tentou prender Atena em seus braços. Mesmo repudiado pela deusa, que tentava manter a sua castidade, o deus a alcançou. Atena se defendeu, mas Hefestos ejaculou em uma de suas pernas. A deusa retirou o sêmen com um pedaço de pano que, após a limpeza, foi lançado no chão.  A terra foi fecundada e gerou um menino que Atena chamou de Erictônio, quer dizer “filho da terra”.

Sem contar a nenhum dos deuses, Atena guardou Erictônio em um cofre e o confiou às filhas de Cécrops, rei mítico da Ática e fundador de Atenas. As princesas não deveriam abrir o cofre, mesmo assim o fizeram, fugindo apavoradas após constatarem que dentro dele havia uma criança com forma de serpente da cintura para baixo. Era assim que normalmente ficavam os nascidos da Terra. As princesas enlouqueceram como punição e se precipitaram do alto de um rochedo.

Atena se encarregou de educar o “filho” no seu templo na Acrópole. Quando atingiu a maioridade, Erictônio recebeu de Cécrops o governo da cidade. Casado com a náiade Praxítea, foi pai de Pandión, que governou após o pai. Atribui-se a Erictônio a introdução na Ática do uso do dinheiro e a organização da maior das festas em homenagem à Atena, as Panateneias, com atividades esportivas e artísticas, incluindo música e poesia. A festa finalizava em procissão com a participação de toda a cidade direção à Acrópole.

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