Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.

Coluna 153

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot


Olá leitores,

Trago hoje dois artigos: um sobre a linguagem felina (para entendermos um pouco mais esses belíssimos animais tão carinhosos e amigos) e o outro é sobre nossos maravilhosos cães, porque alguns deles não toleram ficar sozinhos em casa. Se escolhemos conviver intimamente com os animais que domesticamos, temos pelo menos que aprender seus códigos e oferecer-lhes o melhor que pudermos, afinal de contas são os nossos mais fiéis companheiros. Eles merecem o melhor, não acham? Aliás, todos os animais merecem respeito! Quando entendemos a linguagem não verbal dos animais aprendemos a entrar em contato com a nossa própria linguagem não verbal, com nosso vazio, nossa essência verdadeira sem os ruídos externos e internos que tanto nos perturbam. O relacionamento com animais não humanos é uma escola onde se aprende a amar, a entrar em contato com o sutil, com a felicidade, a introversão, a brincadeira, o mistério de existir.

Artigos Gatos

http://www.caocidadao.com.br

Linguagem Felina

Revista Cães & Cia, n. 338, julho de 2007

Entenda o que o seu gato diz observando as posturas dele, os comportamentos e as vocalizações

Os gatos têm uma linguagem própria, com propósitos que vão desde atrair parceiros sexuais até afugentar outros gatos. Entendê-la é importante para uma melhor compreensão do comportamento felino. Grande parte desses sinais fica no ambiente. São cheiros e arranhaduras que outros gatos podem “ler” sem ter que encontrar o gato que os deixou. Alguns autores comparam esses sinais com bilhetes que pessoas trocam entre si, sem precisar se encontrar.

Linguagem aprendida

Os gatos aprendem a se comunicar com seus donos e demais animais da casa. Podem desenvolver sinais e comportamentos para mostrar o que desejam. É o caso do gato que mia e corre para perto do armário onde estão os petiscos ou que rodeia o prato de ração quando quer comer. Esse tipo de comunicação é aprendido e se desenvolve muito mais quando existe grande interação com as pessoas da casa, principalmente se forem bastante atentas ao gato.

 

Linguagem “instintiva”

Diversos comportamentos comunicativos não são aprendidos. Independem de qualquer condicionamento ou da observação de outros gatos. Mas nem todos são exibidos desde filhote. Alguns só surgem depois de determinada idade. Outros, na falta de estímulo, podem nunca se manifestar.

No caso da linguagem “instintiva”, é possível criar uma espécie de dicionário para entender o que o gato diz, ao contrário do que acontece com a linguagem aprendida, que pode se desenvolver de modo diferente em cada gato. Possivelmente, só quem convive com o felino saberá exatamente o que ele quer comunicar.

 

Dicionário felino

À medida que os estudos de etologia felina se aprofundam, mais comportamentos comunicativos são decifrados e adicionados ao “dicionário felino”. Descrevo alguns:

Mordida – Gatos podem morder para demonstrar afeto, agredir ou brincar. A mordida de afeto costuma ser a mais delicada. Ocorre enquanto o gato recebe carinho ou sente prazer com a companhia humana ou felina. Já a mordida por brincadeira é um treino para briga ou caça, mas sua intensidade sinaliza que a intenção não é machucar. A força dessa mordida muitas vezes precisa ser controlada, já que alguns gatos acabam por morder forte demais outros gatos ou humanos.

Comunicação vocal – Os gatos emitem dezenas de sons com diferentes significados. Existem os de “agradecimento”, de chamado, de frustração, de ansiedade, de aviso para não se aproximar, etc. Com esses sons, uma gata pode avisar seus filhotes para se esconderem ou se aproximarem dela, evitando assim ataques de outros animais. Os sons também podem indicar prazer, como acontece quando o gato ronrona ao mamar ou ao receber carinho. Dependendo da vocalização, o gato consegue evitar que outros gatos ou animais se aproximem demais, como ocorre no caso do “rosnado”.

Comunicação postural – Pelas variações de postura, podemos interpretar as emoções e intenções do gato. Esfregar a cabeça em outro gato ou pessoa demonstra afeto, além de ser uma demarcação com cheiros específicos presentes na cabeça do felino. Quando ele se arrepia, parece maior do que realmente é, comportamento adotado para se defender de um cão, por exemplo. Abaixar a cabeça e ficar com as patas traseiras bem apoiadas, prontas para saltar, pode sinalizar o início de uma brincadeira, já que essa posição antecede um bote. Durante uma briga ou uma brincadeira agressiva, é comum o gato dobrar as orelhas, rente à cabeça. Isso impede que sejam machucadas pelo adversário ou presa.

Comunicação por demarcação – O gato tem glândulas nas regiões da boca, das orelhas e do ânus que produzem odores específicos. Com o uso desses cheiros, ele consegue deixar sua “assinatura” nas pessoas, animais e objetos. Os odores têm a capacidade de mudar o estado psicológico de outros gatos. Tanto que alguns desses odores são produzidos e comercializados com o intuito de acalmar gatos estressados e evitar que eles demarquem móveis e outros objetos com urina. Nessa demarcação, a urina é espirrada para trás, normalmente em superfícies verticais. Os machos não castrados são os que mais demarcam o ambiente dessa maneira, mas as fêmeas também o fazem. Existe também a demarcação com fezes. Alguns gatos deixam as fezes descobertas em pontos estratégicos. Avisam, assim, a “concorrência” de que estão na área e que a região deve ser evitada.

Gatos também podem deixar demarcações visuais. Por meio de arranhaduras, demarcam objetos e, ao mesmo tempo, removem de suas garras pedaços soltos de unha e praticam uma espécie de alongamento.

 

Por que alguns cães odeiam ficar sozinhos

Revista Cães & Cia, n. 360, maio de 2009

Saiba que motivos podem levar o cão a se desesperar ou a ficar deprimido cada vez que os donos saem

O seu cão odeia ficar sozinho? Ele não é o único. Existe até um nome específico para esse problema: ansiedade de separação.


Desespero

Uma das manifestações do problema é facilmente percebida. O cão late sem parar, chora, arranha ou morde a porta, baba, se lambe ou se morde. Há ainda reflexos como aceleração dos batimentos cardíacos e aumento de cortisol, hormônio relacionado com o estresse.

 

Depressão

Outra possível consequência da ansiedade de separação é o estado depressivo. Nada motiva o cão enquanto ele está sozinho. Não bebe água, não come, ignora diversos estímulos que o motivariam se estivesse com os donos. Por um lado, esses comportamentos incomodam menos e chamam menos a atenção que o desespero, mas, por outro, o animal pode estar sofrendo física e psicologicamente, o que produz alta taxa de hormônio do estresse e aumenta o risco de contrair problemas de pele, câncer e outras doenças.

 

Causa

Quando lobos e cães selvagens estão em grupo, têm maior chance de sucesso nas caçadas e de sobreviver. Para eles, portanto, estar sempre em grupo é uma questão estratégica. Essa programação genética é herdada também pelos cães, inclusive por aqueles que vivem no aconchego de um lar humano. E essa tendência natural pode ser amenizada ou piorada, dependendo das nossas atitudes.

 

Não estimular

A maioria dos cães tem de ficar sozinha em um ou outro momento. Entre as iniciativas que podem evitar a ansiedade de separação, uma é não supervalorizar as saídas e as voltas ao lar. Nunca saia de casa se desculpando para o cão, preocupado ou ansioso demais. Nem chegue fazendo muita festa. Ao contrário, nesses momentos mantenha-se relaxado e evite retribuir a festa. Não é fácil, mas vale a pena: o cão será diretamente beneficiado.

 

Onde deixar

Se o cão tem acesso aos quartos e à sala de TV na sua presença, não restrinja a permanência nesses espaços quando ele estiver sozinho. Ficar exatamente onde você costuma ficar faz o cão se sentir melhor. Mais ainda se naquele lugar vocês costumam interagir e permanecer juntos por bastante tempo. Dormir no seu sofá preferido ou sobre o seu travesseiro são ótimas maneiras de diminuir a ansiedade do cão.

Se isso não for possível, adote outra estratégia. Procure fazer da caminha dele o "centro da matilha". Deixe nela o seu cheiro e permaneça mais tempo perto dela, com ele. Assim, o cão não se sentirá tão excluído quando for preciso deixá-lo sozinho.

 

Seu cão não é sua sombra

O cão que nos segue o tempo todo dentro de casa costuma sofrer mais quando fica sozinho - a ruptura se torna radical se, o tempo todo, ele nos vê, ouve e cheira.

Para diminuir o excesso de proximidade, a solução é ensinar o comando “fica” e pô-lo em prática algumas vezes por dia. Comande “fica” quando você for para a cozinha, por exemplo. Dessa forma, além de o cão se acostumar com as suas ausências temporárias, perceberá que você volta sem ele precisar latir ou arranhar a porta.

 

Evitar traumas

Podemos dizer que os cães têm medo de ficar sozinhos e que, se ocorrer algo assustador ou muito desagradável durante a ausência dos donos, esse medo tende a aumentar. Por isso, se você souber que haverá estouro de fogos, uma tempestade ou algum outro evento que possa ser assustador, não saia de casa se for possível. Ou, então, dê um remédio para acalmar o cão e ele não sofrer muito nem se traumatizar. Avalie qual é o melhor medicamento para esses casos com um médico-veterinário e procure testar o medicamento algumas vezes antes de sair de casa.

 

Caça a petiscos

Esconder petiscos pela casa para serem encontrados pelo cão durante a ausência dos donos ajuda a entretê-lo, a relacionar solidão com comportamentos prazerosos e a torná-lo menos ansioso. Normalmente, para aumentar o interesse do cão, é preciso estimular o apetite dele. Se ele estiver um pouco ou muito acima do peso correto, situação bastante comum, bastará deixá-lo com o peso adequado para o apetite aumentar bastante.


Esta coluna é atualizada mensalmente, dia 19.
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