Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 95
(Próxima: 5/7/2010)

Têmis, segunda esposa de Zeus

Em grego, a palavra ‘Thémis' tem origem no verbo ‘tithénai', “estabelecer como norma”, por isso Têmis representa o que é estabelecido como a regra, a Lei divina, a Justiça, por oposição à Lei humana. Têmis foi considerada a deusa da Justiça emanada dos deuses e das Leis eternas e aparecia como segunda esposa de Zeus, após Métis.

Têmis foi mãe das Horas: Irene (Paz), Eunômia (Disciplina) e Dike (Justiça), que eram consideradas guardiãs do ciclo natural de crescimento da vegetação e do clima, chamadas também de Estações. Representavam a ordem natural e cíclica: primeiro o inverno, depois a primavera; primeiro o dia, depois a noite; uma hora depois a outra... Eram divindades da natureza e ainda asseguravam o equilíbrio da vida em sociedade. A lei da ordem natural é uma extensão dos atributos da Justiça emanada da mãe Têmis.

Com relação ao equilíbrio da vida em sociedade, contam que foi ideia de Têmis a idéia da Guerra de Troia para controlar o excesso populacional na Terra. As bodas de Tétis e Peleu foram o palco para o episódio decisivo, com o famoso “Pomo da discórdia”, que resultou no rapto de Helena e, oficialmente, a Guerra de Troia. A união de Helena com o troiano Páris também foi útil como segunda tentativa de Zeus para exterminar a Raça dos Heróis.

Zeus e Métis também deram nascimento às Moiras, que controlavam os destinos de cada um desde o nascimento até a morte. Cloto tecia o fio da vida; Láquesis sorteava quem ia morrer e Átropos cortava o fio no momento certo. Esse determinismo do destino como lei imutável não aparece em todas os mitos, muitos heróis foram purificados através de sacrifícios. Pela redenção da culpa, conseguia-se o poder de moldar seu destino.

Uma variante em Ésquilo faz de Têmis a mãe de Prometeu, o que titã morava no Olimpo com os deuses e que cedeu o fogo material aos homens. Até então, o fogo era exclusivo das divindades e, com ele, a humanidade teve benefícios como forjar armas, ferramentas e cozinhar alimentos.

Na Teogonia de Hesíodo, que conta sobre as origens dos deuses, de Zeus e Têmis nasceram somente as Horas e as Moiras, porém, uma variante mais recente faz de Zeus e Têmis pais de Astreia. A jovem, cujo nome vem de ‘astér', “estrela”, viveu na Terra, na Idade do Ouro, difundindo os sentimentos de justiça e bondade entre os homens. Quando os mortais se degeneraram, Astreia subiu ao Céu, sendo transformada na Constelação da Virgem.

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