1ª quinzena de março de 2010 - Coluna 125
(Próxima coluna: 18/3/2010)
O HAITI, LOGO ALI...
Acho graça quando falam em classe social. A fome não tem classe, senhoras e senhores; a fome mata, transforma-nos em abutres inconformados, revoltados, insanos; a revolução dos aflitos, dos proscritos, dos omitidos, dos esquecidos. Onde dói seu estômago? Ao sul, a leste, ao norte, a oeste? Dói-me a peste da ignorância, a estupidez da intolerância, a flacidez das carnes subnutridas de músculos e alimentos corporais... Dói em mim o desespero de todas as mães de filhos crescidos ou subnutridos, pois seus destinos já não nos pertencem... e eu não sei mais com que dor alheia hei de preencher minhas madrugadas (insones). Os delírios dos cérebros me perseguem, abatem-me as ausências bipolares, triangulares, primárias e quaternárias. Sinto-me um sextante sem aviso, uma bússola sem norte, um relógio de sol sem sombra ou vento.
E ainda há pseudo-jornalistas que questionam burramente: “Como que o Brasil vai ajudar o Haiti se não temos verba nem pra cuidar das vítimas das enchentes?”... Pasmei... Há campanhas pelo mundo afora pra nos ajudar a contornar essas dificuldades? E eu por fora disso? Cadê o show dos EUA pra nos ajudar? Angelina Jolie já veio adotar brasileirinhos? Ora, senhor jornaleiro, limite-se a comentar sobre o que tem conhecimento, e não palpitar críticas absolutamente loucas, enaltecendo a sua desatualização... Pra ser jornalista precisa ler, interar-se dos assuntos, informação, fonte (por fonte leia-se “fonte de informação” e não apenas formatar Time News Roman ou Arial, pra ficar bonitinho no seu blog – ou seria “brog?”). E ainda tem gente que é contra a volta da obrigatoriedade do diploma... Tá, obrigatório não é, mas dá-se preferência... Ao menos um diploma, certo?
Maldita vodka, mas... hoje é sexta-feira!
Onde é mesmo o Haiti? Perdi o mapa em alguma gaveta desse meu mundinho on the rocks.