Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 106
(Próxima: 20/2/2011)

Dédalo, o grande arquiteto

Em Atenas nasceu o gênio Dédalo, que se dizia descendente de Erecteu, um Rei-Deus morto por Zeus com um raio a pedido de Poseidon. Os gregos o reverenciavam como um grande engenheiro, escultor e arquiteto. Ele parecia inspirado pelo divino, foi inventor de muitas coisas, da mesma forma como conhecemos Leonardo da Vinci séculos depois: os dois dissecaram cadáveres e fizeram experiências com voo humano.

Mestre de seu sobrinho, Dédalo invejou seu talento quando o jovem, inspirado pela queixada de uma serpente, inventou a serra. Dédalo o jogou do alto da Acrópole. Convocado a comparecer diante do Areópago para ser julgado, fugiu para Creta, ilha onde teria nascido Zeus e que, no seu apogeu, atraiu todo o Mediterrâneo. Dédalo encontrou ali um campo fértil para seus talentos, e logo planejou variados edifícios e fortificações, como arquiteto oficial do rei.

A principal obra de Dédalo foi o Labirinto de Cnossos, cuja primeira função era abrigar o Minotauro, monstro com cabeça de touro e corpo de homem, nascido da união entre a esposa do rei Minos e um touro enviado pelo deus do mar. Certa vez, Minos solicitou a Poseidon um touro para que pudesse provar seu poder aos adversários. O deus fez sair do mar o animal que o rei devia oferecer depois em agradecimento, mas ele o guardou em seu rebanho e sacrificou outro em seu lugar.

Poseidon pediu à Afrodite que despertasse na esposa de Minos uma paixão pelo touro. Dédalo modelou para Pasífae uma vaca de bronze devidamente odorizada com fluídos sexuais e um orifício adequado para que a rainha recebesse no interior  o vigoroso touro e consumasse seu desejo. Dessa união nasceu o Minotauro. Minos, assustado com o monstro, encarregou Dédalo da construção do labirinto onde ficava a fera, alimentada com carne humana.

Como venceu a guerra contra Atenas, o rei Minos fixou como tributo o envio periódico de sete rapazes e sete moças, que seriam oferecidos ao Minotauro. Se este morresse, o tributo cessaria. Teseu, filho do rei Egeu, foi à ilha com outras vítimas tentar libertar Atenas do tributo. Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por ele e lhe deu um novelo de lã para que desenrolasse enquanto saía do labirinto. Teseu matou o Minotauro e saiu com a ajuda do fio condutor.

Minos acusou Dédalo de conivente e o prendeu no labirinto com o filho Ícaro. O engenhoso arquiteto concebeu um projeto nunca antes executado, pegou penas e formou com elas algo parecido com asas de aves, presas com cera, para que pudessem sair dali voando. Recomendou ao filho que não voasse muito alto, senão o sol derreteria a cera; nem muito baixo, pois a umidade tornaria as asas pesadas. Ícaro não resistiu ao impulso e subiu mais do que deveria. A cera se fundiu e ele caiu no mar Egeu, que passou a ser chamado Mar de Ícaro. Dédalo passou o resto de seus dias na Sicília.

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