1ª quinzena de julho de 2010 - Coluna 133
(Próxima coluna: 3/8/2010)
“Queridos amigos”
Parte II – Pra bom entendedor, um pingo é letra
Amigos verdadeiros são raros, inesperados. Saltam da platéia e nos pegam pelas mãos, colocam-nos em seu colo e nos acarinham como mãe embalando o sono dos pequenos rebentos.
E são sempre surpreendentemente avassaladores, tempestade de bondade. Aturam nossas manias, nossos vendavais de mau humor, nossa histeria de alegria, a descoberta de um novo amor, a desilusão de um falso sentimento, até mesmo um acidente de percurso, seja de que espécie for.
A bondade vem sempre de onde menos se espera – tal como acontece com os desapontamentos. Mas o “olho no olho” diz tudo.
Tenho amigos (graças a Deus!), com os quais posso contar até pra uma simples dor de barriga, crise de solidão, intempérie amorosa, mania da velhice, tombos em teatros da vida – daqueles mal iluminados, que fazem com que o nosso pobre narizinho se parta ao meio, e você, num desespero, carregando em sangue a parte descolada pra algum médico sensível fazer uma costurinha caprichada. Pois bem, acidentes nasais parecem ser meu forte. E num desses acidentes, um casal de amigos, sem mais, veio me prestar socorro todos os dias, fazendo curativos, devidamente paramentados e com todo equipamento – claro que o fato dela ser enfermeira ajudou bastante, mas até aí... Sair do outro lado da cidade, todo dia, depois de trabalhar o dia inteiro, e ainda fazer isso no maior bom humor da paróquia, é coisa de amigo mesmo, convenhamos.
Também há os “amigos da madrugada”, aqueles que agüentam a choradeira da saudade do filho que agora habita terras outras, tão longe, perto do meu lar, e eu aqui tão abandonadinha – a última das infelizes –, naquela choradeira sem fim pelo MSN ou pelo telefone, às vezes até pessoalmente.
E os amigos incentivadores? São o máximo: tudo que dizemos, todas as nossas idéias, todos os nossos textos, são geniais. Isso dá um alento sem tamanho, e acho que eles nem sabem disso.
Mas tenho um amigo em especial que chamo (intimamente) de “amigo susto” – pois vive aprontando das suas, não cuida da saúde, vira e mexe quando nos encontramos fico sabendo que “aprontou alguma”, tipo foi internado com pneumonia, descobriu um tumor nas pernas e essas “coisinhas” de gente velha, embora seja ele ainda tão moço. Mas na foto, somos os tais: “Cosme e Damião”, “dupla dinâmica”. E “conosco ninguém podosco”, pois nossas presenças não passam despercebidas em nenhum lugar.
Mais alguns amigos especiais desfilam pela minha cabeça agora, mas a lista (novamente graças a Deus!) seria enorme. Como na parte I desta crônica, não vou citar nomes, mas, claro, eles prontamente se identificarão.
Há, ainda, o “amigo filho”, aquele que temos até que dar “esporro” pra que possam melhorar, centrar. Isso sempre feito com muito amor, como o desempenho da arte de educar. Podemos até ficar sem nos vermos ou nos falarmos, mas a amizade, o carinho, o amor, só nós entendemos – coisas de mãe e filho mesmo. E cada conquista sua é nossa conquista: orgulho! Orgulho do que ajudamos a fazer, do caráter que ajudamos a moldar.
Outro tipo especial de amigo não pode ser esquecido: o amigo silencioso, que te ajuda em paz, tranquilamente, e às vezes nem chegamos a saber o quanto batalham por nós.
E é por tudo isso, por todos esses amigos, inclusive os não citados ou lembrados no momento, que posso afirmar de boca cheia: Amigo, só quem tem pode avaliar. Amigo ameniza a dor, consola a saudade, dá alento, faz a vida valer a pena, independente de perto ou longe.
Obrigada a todos vocês, amigos queridos, por terem cruzado meu caminho e fazerem parte da minha vida.
Três coraçõezinhos PT
Câmbio final e desligo.